Cerca de 2 mil pessoas passaram pelo Ginásio Poliesportivo de Barão entre as 13h30min e 18h deste domingo (12) para se despedir de Geovani Biancho, 42 anos. O jogador de futebol morreu após ser atingido por uma voadora, em desentendimento durante partida amistosa em Torino, no interior de Carlos Barbosa, na tarde de sábado (11). Além da família, incluindo a esposa e o filho de apenas três anos, o morador de Barão também deixa saudades nos amigos que fez ao longo da trajetória de destaque no futebol amador da cidade e região.
— Ele era muito querido por todos, não era de brigas nem confusões. Era uma pessoa do bem, sempre querendo ajudar o próximo. Um baita jogador mas, principalmente, um baita ser humano — relata Caroline Wilmsen, presidente da Associação Esporte Clube Aliança, um dos clubes no qual o jogador atuou.
No município, o atacante também teve passagem pelos times Força e Luz, Copacabana, além do Cantarera, pelo qual jogou no campeonato de 2021. O clube não chegou às semifinais, sendo a final do campeonato disputada entre o Aliança e o Força e Luz, que levou o título.
— Quando os jogadores entraram em campo ninguém sabia o que tinha acontecido com ele. Caso contrário, o jogo certamente não teria ocorrido. A relação dele aqui com todos da comunidade era como se fosse da família, era muito querido por todos — completa a presidente do Aliança, que já tinha fechado contrato com o jogador para o campeonato de 2022.
Ainda na noite de sábado, o clube publicou uma nota lamentando a morte de Biancho e relembrando feitos dele pelo time, como o gol do primeiro título municipal, em 2014, e a contribuição para o título de campeão no Citadino de Futsal de 2016 e 2017. Com Geovani no grupo, o clube também foi campeão municipal de 2018. Ainda pelo Aliança, em 2016 e 2017, Biancho atuou como treinador no Campeonato de Futsal, participando da vitória do time na categoria Força Livre.
O atleta era sócio de uma empresa de metalurgia do município e, com formação em Educação Física, dava aulas no projeto Escolinha de Futebol Primeiro Drible, que visa incentivar crianças da cidade à prática pela qual ele sempre foi apaixonado.
— Conheço ele desde a época da escola e sempre tivemos essa paixão em comum. Chegávamos mais cedo na escola para ficar jogando bola na quadra — lembra Astor Hastenteufel, 41, que também é jogador de futebol amador e mantinha uma amizade próxima com Biancho.
Ele conta que em 1996, quando tinham cerca de 15 anos, eles fizeram parte da fundação do Búfalo Bill, time que participou do campeonato de inauguração do salão no qual Biancho foi velado no domingo.
— O time está com 25 anos de trajetória e, na quarta-feira, tínhamos nos reunido para falar sobre a retomada do Citadino de Futsal, na qual a gente jogaria juntos novamente — comenta o amigo, que também faz parte da trajetória do Cantarera, clube pelo qual Biancho jogou neste ano.
Quando soube que Biancho estava internado, Hastenteufel foi até o hospital e acompanhou, na sala de espera, os últimos momentos de vida do amigo. Ele conta que ele foi reanimado após uma parada cardiorrespiratória que sofreu em campo, no momento da agressão, precisou ficar entubado e não resistiu. Segundo o amigo e também a presidente do Esporte Clube Aliança, Biancho não sofria de qualquer tipo de problema cardíaco.
INVESTIGAÇÃO
Conforme a BM, o agressor não estava no local. Ele foi identificado e interrogado na manhã de domingo (12) pela Polícia Civil. Conforme o titular da Delegacia de Polícia de Carlos Barbosa, Marcelo Ferrugem, o homem de 21 anos admitiu o fato, dizendo não imaginar que poderia causar a morte da vítima. Por não se tratar de uma situação de flagrante, ele foi ouvido e liberado. Ao longo da semana, a polícia pretende ouvir testemunhas.
O caso é investigado como lesão corporal seguida de morte. Conforme o delegado, trata-se do chamado crime preterdoloso — quando o autor tem a intenção de ferir a vítima, mas acaba causando sua morte. Ainda segundo Ferrugem, em depoimento à polícia, o agressor disse que "perdeu a cabeça" por causa de um lance do jogo e acabou dando uma voadora na qual os pés atingiram o peito da vítima, que já caiu desacordada.