O sistema de transporte coletivo em Caxias do Sul vive uma nova crise desde o início dessa sexta-feira (19). Ainda pela manhã, a população que depende do serviço foi surpreendida com uma menor oferta de ônibus em todas as linhas, com corte de metade dos horários que a Visate, concessionária do serviço, deveria dispor. A empresa justificou que a operação reduzida ocorreu por dificuldades financeiras.
Já no final dessa tarde, Visate e Prefeitura selaram um acordo em uma reunião mediada pelo CEJUSC-TJRS, um instrumento de gestão dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. No encontro, acordaram um pagamento emergencial por conta do prejuízo do atual contrato. O valor, conforme os técnicos da administração pública foi de R$ 4 milhões e será incontroverso, ou seja, incontestável, que não admite controvérsia.
Com isso, as duas partes garantem a normalização dos serviços de transporte coletivo urbano já a partir de sábado (20), evitando um colapso ainda maior do sistema. O Executivo e a concessionária comporão ainda um grupo de trabalho para a revisão do contrato vigente e da tarifa do transporte público para o próximo ano.
Dúvidas e insatisfação na volta para casa
A restrição no transporte coletivo urbano nesta sexta-feira (19) pegou a população de surpresa. A maior reclamação entre os usuários era a falta de aviso por parte da Visate, o que fez com que muita gente se atrasasse pela manhã ou tivesse que desembolsar um valor extra para custear o transporte por aplicativo na volta para casa.
Uma das passageiras afetadas foi a auxiliar de limpeza Sueli Schneider, 40 anos. Moradora do bairro Desvio Rizzo, ela precisa utilizar cinco ônibus diariamente para se deslocar ao trabalho no bairro Bela Vista e estava sem saber como faria para voltar para casa. Sem expectativa de conseguir o meio tradicional, optou pelo Uber.
— Estamos sem saber de quanto em quanto tempo estão saindo os ônibus. Está bem difícil. E a Visate está incomunicável, sem atender telefone, sem responder no Whats — reclamou.
Por volta de 16h30min, na parada da Rua Dr Montaury, no Centro, uma pergunta era unanimidade entre aqueles que chegavam: "já passou algum ônibus?", questionavam os passageiros na esperança de ter uma resposta positiva. O local é ponto de espera para bairros como Santa Lúcia Cohab, Vinhedos e Pioneiro.
A auxiliar de padaria Gisele Cidade esperava o transporte até o bairro Pioneiro, onde mora. Ela conta que não enfrentou problemas às 6h, quando saiu de casa, mas colegas de trabalho chegaram atrasados em função da diminuição nas linhas. Ela chegou na parada pouco depois das 16h30min e até as 17h10min ainda não havia embarcado.
— Tiveram colegas que atrasaram ou dividiram a carona. Só que a corrida que dava R$ 5 estava por R$ 15 — conta.
Quem também esperava há mais de 40 minutos para ir até o bairro Pioneiro era a atendente Eroni Ramos de Araújo. Diante da falta de ônibus pela manhã, ela optou pelo transporte por aplicativo para se deslocar até o trabalho, mas reclama do gasto extra:
— Às 7h20min não passou, então, vim de Uber. Agora preciso pegar meu filho na escolinha às 17h30min, mas não vai dar tempo, vou ter que avisar a coordenadora que vou me atrasar — comentou.