Desde o mês passado, o Hospital Tacchini de Bento Gonçalves utiliza uma inovação na busca ativa das Infecções Relacionadas à Assistência de Saúde (IRAS), o robô-ISA (Infection Surveillance Assistant). Antigamente conhecidas como infecções hospitalares, as IRAS são adquiridas após a admissão do paciente no hospital e se manifestam durante a internação ou mesmo após a alta. Elas resultam, segundo informações repassadas pelo hospital, em mortes, internações prolongadas, além de enormes custos adicionais para os sistemas de saúde.
O robô, que usa inteligência artificial, foi desenvolvido pela Qualis Soluções em Infectologia em parceria com o Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS), e nasceu de uma iniciativa criada em setembro de 2018 a partir do projeto Inparare. Pelo Tacchini, participaram do projeto as médicas Juliana Giacomazzi, Nicole Alberti Golin e Roberta Pozza, enquanto o médico Rodrigo Pires capitaneou as ações na Qualis.
Entenda como o robô funciona
Juliana explica que a combinação entre dados administrativos e clínicos de pacientes colhidos diariamente, permite, a partir da utilização de inteligência artificial, um diagnóstico confiável de possíveis casos de infecções. O robô, que funciona em um computador, é utilizado na busca ativa de infecções hospitalares, mas atua especialmente em casos de pneumonia associada à ventilação mecânica, infecções de sítio cirúrgico, de trato urinário, de corrente sanguínea e infecções traqueobrônquicas.
A missão do robô-ISA é procurar quais pacientes estão em risco de desenvolver infecções. A expectativa é que, com a sua introdução na rotina do hospital, os profissionais dediquem ainda mais tempo à prevenção de casos. Segundo dados divulgados pelo Tacchini, um profissional de controle de infecção investe 18 horas por semana na busca ativa de infecções hospitalares para cada 100 leitos. Com a busca automatizada, é esperada uma redução de 80% no tempo investido.
— O robô possibilita a otimização do tempo. Além de ser um modelo preciso, que busca 100% dos prontuários dos pacientes, ele reduz o trabalho manual da busca ativa. Nossos dados demonstram uma redução de 36 vezes no tempo para a busca ativa de infecções — destaca Juliana.
Segundo o Tacchini, em setembro, primeiro mês de uso do robô, ele já identificou as infecções com 90,3% de exatidão em testes diagnósticos e a capacidade de confirmar uma não infecção foi de 99,7%.