O cenário de incertezas sobre a entrega de combustível, principalmente óleo diesel, já está modificando o cronograma em alguns municípios da Serra. Para evitar uma parada total na prestação de serviços, medidas estão sendo tomadas no intuito de manter em seus reservatórios pelo menos com uma quantidade miníma do produto, na esperança de que a situação se normalize.
Ainda em outubro, a Petrobras confirmou que devido a um elevado número de pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro, poderia não atender a demanda, já que estava acima de sua capacidade de produção. Com isso, a chance de desabastecimento seria grande.
Essa realidade se confirmou e começou a se apresentar na Serra, sobretudo nos serviços promovidos pelas administrações municipais. Uma das primeiras cidades a manifestar publicamente sobre a possibilidade de falta de diesel foi Nova Araçá.
Para evitar uma paralisação, o prefeito Ademir Dal Pozzo, emitiu o decreto nº3.419 , no qual suspende por tempo indeterminado os serviços a particulares com maquinários do município, visando o atendimento dos serviços públicos essenciais, como saúde e transporte escolar.
De acordo com o prefeito, isso ocorreu após a distribuidora limitar a quantidade de combustível, mesmo com a promessa feita de seguir entregando.
— A distribuidora nos justificou que não tem óleo diesel para carregar na refinaria, que ao invés de 350 mil litros por dia, estão liberando 80 mil. Eles, nos garantiram que não haveria falta de combustível e, sim, escassez . Por isso, adotamos um sistema diferenciado de trabalho com reserva para os veículos da secretaria de saúde e escolar. O que era serviço nas propriedades para os produtores rurais cortamos tudo, só as emergenciais, tal qual as melhorias nas estradas. As coisas estão imprevisíveis e a gente não pode mais fazer programação até que se estabilize — argumenta.
Ainda segundo Pozzo, o município normalmente recebe em torno de oito mil litros por semana e a distribuidora TR Sander informou que a partir de agora entregaria cinco mil.
Em Nova Bassano, o mesmo movimento de suspensão de várias atividades que necessitem do óleo diesel para dar prioridade ao transporte escolar e saúde foram feitos. Conforme a prefeitura, serviços particulares estão temporariamente cancelados até se normalizar a situação.
A TR Sander, que distribui o combustível para as duas prefeituras, por meio do porta-voz Leandro Sander, ressaltou que mesmo em menor quantia, não deixará entregue o produto.
— Já faz uns 15 dias que estamos recebendo menos produtos do que o normal das refinarias, cerca de 30% a menos. Esse problema é principalmente em relação ao diesel, gasolina também teve uns problemas, mas tá vindo. Pedimos às prefeituras para tentar economizar o combustível, mas deixamos claro que nenhuma ficará sem — afirma.
Além de Nova Araçá e Nova Bassano, a empresa atende demandas de Nova Prata, Protásio Alves, Fagundes Varela, Bom Jesus, entre outras.
Sindipreto acredita que há disponibilidade de diesel no mercado
Em Caxias do Sul, a Secretaria de Obras e Serviços Públicos informou que os veículos da frota são abastecidos diretamente em postos de combustíveis privados. A secretaria diz estar atenta ao cenário, mas não foi informada sobre um possível desabastecimento.
Na Codeca, conforme a assessoria de imprensa já houve um atraso na entrega devido a falta do produto, entretanto foi normalizado na segunda-feira (1º). Questionada se poderia acontecer mais vezes, a Codeca diz não ter sido informada pela distribuidora.
Sobre a situação da escassez e entrega menor do produto ao setor público, o Presidente do Sulpetro, João Carlos Dal'Aqua, entende que o problema é maior e vai além.
— A Petrobras vinha informando desde outubro, que em novembro teria problemas na distribuição de Diesel. Isso ocorre porque eles estão, em suma, dando uma segurada nas importações e a produção nacional não dá conta da demanda. A Petrobras irá entregar o que já tinha se comprometido com as fornecedoras, mas mais que isso não consegue e normalmente a demanda é maior que o combinado. Isso impacta diretamente algumas distribuidoras — aponta.
O Sindipreto também se manifestou. A entidade acredita que há disponibilidade do produto no mercado, apesar da possibilidade ventilada pelo governo de desabastecimento. A entidade entende ainda, que os sucessivos aumentos nos preços possam levar a alguns postos a ter dificuldade de repôr o estoque, em virtude que poucos possuem um capital de giro alto.
Procurados pela reportagem, Bento Gonçalves, São Marcos e Farroupilha informaram que a situação é normal e que os trabalhos, no momento, seguem inalterados.