Os seis animais resgatados durante a operação do Ministério Público (MP) que desarticulou um suposto esquema de venda de carne de cavalo como sendo de gado em Caxias do Sul ainda não foram trazidos de volta para a cidade. Eles foram encontrados pela equipe do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Segurança Alimentar em uma chácara, no bairro Forqueta, que era utilizada como abatedouro clandestino. Os animais sobreviventes — quatro éguas, um cavalo e uma mula —, segundo o MP, seriam abatidos para serem transformados em hambúrgueres. Os animais foram levados para Hulha Negra depois da ação desencadeada na última quinta-feira (18) e serão transferidos de volta para Caxias do Sul, onde ficarão sob a responsabilidade da Proteção Animal Caxias (PAC). A ONG em conjunto com a Sociedade Amiga dos Animais (Soama) conseguiu a guarda dos equinos. A juíza da 4ª Vara Criminal de Caxias do Sul, Maria Cristina Rech, assinou o pedido, e concedeu a guarda à PAC no final da tarde de sexta-feira (19).
— A nossa expectativa agora é que os animais cheguem de volta à cidade nos próximos dias. Nós ainda não sabemos quais são as condições deles, mas imaginamos que estão em situação bem precária, porque o estado em que se encontravam lá diz tudo. Acreditamos que não recebiam comida e água por serem animais que seriam abatidos. Assim que soubemos de toda a situação corremos contra o tempo para evitar que eles sofressem mais e tivessem o mesmo fim que teriam aqui — afirma a presidente da PAC, Cátia Giesch.
Ela ressalta que ao chegar no município eles serão avaliados pelos médicos da Clínica de Grandes Animais da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
— Eles vão ser examinados, fazer exames, vacinas e o que for necessário, e ficar em atendimento até que tenham alta. Enquanto isso, já estamos fazendo uma triagem para selecionar os adotantes — afirma ela.
Ela aponta ainda que as ONGs se surpreenderam com a quantidade de cavalos que estavam com a quadrilha.
— Ficamos nos perguntando da onde vinham, como eles adquiriam esses animais? Fizemos um conta por alto, e pela quantidade de carne clandestina que eles forneciam diariamente, pelo menos três cavalos eram abatidos por dia. Imagina a quantidade de equinos que chegam até eles. O que mais nos indignou é que esbarramos numa burocracia tão grande para para salvar e, para abater, tudo bem? Eles eram transportados e nunca caíram numa fiscalização? — questiona.
Os escolhidos para ter a guarda dos animais terão que assinar um termo de adoção, que serve para prestação de contas ao Ministério Público. Caso o processo de adoção demore, após deixarem a Clínica na UCS, os equinos serão levados para chácara da PAC. Cátia ressalta ainda que o número de interessados é bem superior a quantidade de animais que estão para adoção. Eles irão passar por entrevista e precisarão comprovar que têm condições de cuidar dos animais:
— Temos alguns candidatos alinhados e os adotantes precisam do transporte da UCS até o local onde vão ficar. Eles também precisam procurar a Inspetoria Veterinária para fazer o cadastro porque eles precisam da guia de transporte animal. Algumas pessoas nos procuram e questionam o fato de que não vão poder montar e participar de rodeio, mas o que precisam entender é que eles não tem que ter utilidade, eles precisam de uma vida digna, sem sofrimentos, com carinho e atenção. Essa é a nossa preocupação agora.
Quem desejar adotar os animais pode entrar em contato pelo número (54) 99250 3923 ou pelo soamasite@yahoo.com.br.