Casos da síndrome mão-pé-boca têm deixado os pais em alerta nas cidades da Serra gaúcha. A doença, que geralmente acomete crianças em idade escolar, é transmitida por meio de um vírus coxsackie. A enfermidade se caracteriza, principalmente, pela erupção de bolhas nas mãos, pés e boca (de onde vem o nome), bem como surgimento de lesões nas nádegas e na região genital, além de febre alta, mal-estar e falta de apetite.
A Secretaria da Saúde de Caxias do Sul confirmou, na semana passada, o registro de dois surtos em escolinhas, com total de 16 casos, mas há relatos de crianças com sintomas em outras instituições voltadas ao público infantil.
Bento Gonçalves soma 320 atendimentos no período de 1° de julho até quarta-feira (19), conforme dados repassados pela prefeitura.
Em Farroupilha, a Vigilância Epidemiológica do município registrou sete casos em seis dias, todos em crianças. Já em Flores da Cunha, a Secretaria de Saúde relata, em média, três atendimentos diários de crianças com sintomas característicos da síndrome mão-pé-boca nos últimos dias.
Bastante contagiosa, a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, é transmitida por contato direto com fezes, saliva e outras secreções da pessoa infectada. Também pode ser adquirida por meio de alimentos ou objetos contaminados com o vírus.
A pediatra Angela Rech Cagol, de Bento Gonçalves, tem notado o aumento de casos não só no consultório dela, como também nos plantões hospitalares onde atua:
— É uma síndrome que sempre existiu, mas esse ano saiu um pouco dos parâmetros normais. Em primeiro lugar, o pai e mãe devem ficar atentos a casos dentro das escolas dos filhos, porque, se dentro da escolinha existir um caso, a transmissão pode ser muito rápida. E, tendo quadro de febre, a recomendação é que se procure atendimento pediátrico para fazer o diagnóstico. Porque, quanto antes essa criança for isolada, menores as chances de proliferar esse vírus para as outras — recomenda a médica.
Embora seja mais comum em crianças até cinco anos, a pediatra alerta que adultos também estão suscetíveis à doença. Após o diagnóstico, ela recomenda, no mínimo, isolamento de sete dias, o que exclui, por consequência, o convívio escolar ou qualquer outra atividade em grupo.
— Tem casos que a gente teve que postergar um pouco esse isolamento porque a criança realmente ficou muito abatida. É importante ressaltar que, mesmo depois de 10 dias, o paciente ainda pode contaminar através das fezes —reforça Angela.
Na maioria dos casos, são tratados apenas os sintomas como febre e coceira. Não há remédio ou vacina para a doença.
Casos na região
:: Bento Gonçalves: 320 atendimentos de 1º de julho a 19 de outubro.
:: Farroupilha: segundo a Vigilância Epidemiológica do município, foram registrados sete casos entre os dias 10 e 16 de outubro, todos em crianças. Dados anteriores não foram informados à reportagem.
:: Flores da Cunha: informa que a Secretaria de Saúde tem registrado, em média, três atendimentos diários de crianças com sintomas característicos da doença nos últimos dias.
:: São Marcos: de acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, até o momento não há casos notificados oficialmente, mas há relatos de professores sobre crianças com sintomas, por isso, a Vigilância Epidemiológica iniciou os trabalhos preventivos enviando um alerta a todas as escolas e também uma lista para comunicarem os casos suspeitos da doença.
Sintomas
:: Febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões.
:: Aparecimento de manchas vermelhas com vesículas branco-acinzentadas no centro na boca, nas amídalas e na faringe. As manchas podem evoluir para ulcerações muito dolorosas.
:: Erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que pode ocorrer também nas nádegas e na região genital.
:: Mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia.
:: Por causa da dor, surgem dificuldade para engolir e muita salivação.
Fonte: Ministério da Saúde
Medidas de prevenção e controle
:: Manter uma boa higiene e um sistema de ventilação adequado em locais fechados.
:: Lavar as mãos com frequência, principalmente após ir ao banheiro (pois o vírus também é eliminado pelas fezes) e antes de manusear alimentos.
:: Nas creches, é preciso ter muito cuidado com higiene das mãos na hora de trocar as fraldas, para que os profissionais não transmitam o vírus de uma criança para a outra.
:: Afastar as pessoas contaminadas de suas atividades de trabalho e escola, até o desaparecimento dos sintomas.
:: Retirar da sala brinquedos cujo material seja de difícil higienização (exemplo: bichos de pelúcia e objetos semelhantes) durante o período de ocorrência do surto.
:: Descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas.
:: Não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos.
:: Evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar).
:: Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir.
:: Trocar e lavar diariamente as roupas comuns e roupas de cama de doentes, pois podem ser fontes de contágio.
Fonte: Secretaria da Saúde de Caxias do Sul