A prefeitura de Caxias do Sul aposta no diálogo com a comunidade para dar novos ares a um dos principais cartões-postais da cidade, a Praça Dante Alighieri. Alvo recente de furto e frequentes críticas pelas condições de conservação, o espaço voltou ao centro das discussões nas últimas semanas. Um grupo de trabalho foi formado no final de julho dentro do Programa Luz, Cor e Flor, e entidades puderam enviar sugestões de melhoria até meados de agosto.
Agora, com as propostas da comunidade e das secretarias municipais em mãos, o Executivo pretende organizar reuniões para elaborar as diretrizes que guiarão os rumos da revitalização.
Há dois anos, houve uma tentativa de melhoria da praça durante o governo de Daniel Guerra, com base na opinião de usuários e com pesquisa na internet, mas a revitalização se tornou polêmica, foi parar na Justiça e acabou não saindo do papel. A última grande obra no símbolo central da cidade, também alvo de questionamentos, ocorreu em 2004, durante a gestão de Pepe Vargas.
O que é praticamente certo, segundo a vice-prefeita Paula Ioris, é que grandes intervenções não ocorrerão em curto prazo, diante da realização de eventos já programados, como a Feira do Livro, entre 26 de novembro a 12 de dezembro, e a programação de Natal, que está em fase de organização. A ideia é que o espaço volte a acolher definitivamente ações tradicionais, como a Bênção dos Freis Capuchinhos, que chegou a ter que mudar de local em 2019.
— Queremos a participação da comunidade para ter a boa convivência, para que as pessoas não tenham medo de passar pela praça, que queiram estar ali. Não se faz nada sozinho, vamos tomar decisões conjuntamente — diz a vice-prefeita.
Durante os encontros já realizados, houve a identificação de problemas, como a necessidade de manutenção dos bancos, a ausência de flores, os postes de iluminação e as falhas nas pedras portuguesas, que revestem o chão da praça. Outra aposta do Executivo é a retomada do projeto Floresça Caxias, previsto em lei e que permite que a iniciativa privada adote áreas verdes públicas, como parques, canteiros, jardins, praças, rótulas e viadutos, para fins de manutenção e embelezamento. Um projeto-piloto neste sentido, segundo Paula Ioris, será colocado em prática inicialmente na Praça da Bandeira para que, depois, a iniciativa seja explorada em outros espaços de Caxias, incluindo a praça central.
— A lei nunca deixou de existir. O que acontece é que ela ficou um tempo adormecida, foi pouco explorada. O que estamos fazendo agora é a revisão da legislação e estabelecendo critérios para a adoção e o fluxo de adoção destes espaços — detalha a vice-prefeita.
Diálogo é considerado fundamenta
Para a arquiteta e urbanista Jessica de Carli, integrante do grupo Vivacidade, convidado a propor sugestões de revitalização, o diálogo com entidades e, principalmente, com os usuários da praça, é fundamental.
— A gente acredita, enquanto Vivacidade, nesse diálogo que está sendo feito com a sociedade. É um passo importante, porque não é impositivo. Quem precisa definir os cursos para a requalificação da praça são as próprias pessoa, as entidades, o usuário. É muito satisfatório para nós ver esse diálogo acontecendo. Então, a nossa primeira sugestão é escutar do usuário. Hoje, vemos dois públicos que utilizam a praça: um público que é fiel, que curte a praça, de forma tranquila. E outro que está na corrida, que a praça é o lugar de passagem — analisa a arquiteta.
— Me parece muito importante e também é uma das prioridades da associação que essa discussão seja aberta não só para as entidades, como também para a comunidade, para quem frequenta a praça — complementa a diretora da área de arquitetura da Associação de Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos, Químicos e Geólogos de Caxias do Sul, Orildes Tres.
ALGUMAS DAS PROPOSTAS AO EXECUTIVO
Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul
:: Destinação dos pombos para outro local.
:: Limpeza do ambiente (mobiliário e pedras da calçada).
:: Renovação das pinturas do espaço.
:: Recolocação e manutenção de flores e plantas.
:: Presença constante da Guarda Municipal e outros órgãos de segurança.
:: Retirada do comércio ambulante informal.
Vivacidade
:: Escuta dos diferentes perfis de usuários da praça.
:: A praça como palco de atividades culturais da cidade, abrigando definitivamente a Feira do
Livro, desfiles da Festa da Uva, entre outras.
:: Maior aproveitamento do espaço aos finais de semana.
:: Ampliação da praça de forma pontual, com fechamento de ruas durante alguns eventos.
Associação de Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos, Químicos e Geólogos de Caxias do Sul
:: Manutenção, com limpeza das pedras e substituição das que estão irregulares.
:: Instalação de um número maior de câmeras de segurança, voltadas, principalmente aos
monumentos e símbolos históricos.
:: Indicação da espécie e da história de cada uma das árvores da praça, escrita também em braille.
:: Instalação de placas junto aos monumentos em material que não atraia o interesse de criminosos.
:: Bancos com cobertura leve, com captação fotovoltaica, para que as pessoas possam carregar seus celulares, por exemplo.
:: Instalação de cobertura vegetal em alguns dos bancos _ a intenção é que as plantas escolhidas tenham odor que desagrade as pombas, fazendo com que as aves migrem naturalmente para outro local.
:: Criação de espaços de convivência mais confortáveis.
:: Ligação, por meio de estrutura aérea, entre a praça e a Casa da Cultura, localizada na Rua Dr. Montaury.