"É nossa segunda casa e estar aqui nos mantém sempre ativos." É assim que o engenheiro mecânico aposentado Antônio Fernandes Rigatti, 72 anos, descreve o Centro de Convivência Tia Oli, no bairro Rio Branco, em Caxias do Sul. Lá, ele participa de oficinas, troca conhecimentos e sorri enquanto aprende algo novo nos cursos ou até nas conversas com amigos.
Viúvo há 10 anos, Rigatti já cursou artesanato, pintura e informática. Mas, mais do que participar das oficinas, estar no espaço proporciona bem-estar. Natural de Garibaldi, é pai de Felipe, 45, e Luís Fernando, 38. Hoje ele mora sozinho, mas não se sente solitário.
— Temos amizades com todos. Me sinto bem porque aqui temos uma família também e podemos mostrar quem somos e do que somos capazes. Nos fortalece — afirma ele, que foi um dos escolhidos para falar em nome do grupo presente na oficina da última quarta-feira (29).
Arlinda Rezzadori Waiss, 80, também é viúva. Nasceu em Farroupilha, mas vive no bairro Rio Branco há 75 anos. Há três começou a frequentar o espaço de convivência. Mãe de Jean Carlos, 59, e Henri Luís, 49, ela mantém em casa uma rotina para nunca ficar parada.
— Cada oficina é importante. A de informática é uma maneira de me atualizar e aprender a mexer melhor no celular. A nossa convivência aqui é fora de série. Estamos sempre com a mente e o corpo em movimento. Moro sozinha e é bem tranquilo. Tenho minha horta, os passarinhos que estão soltos no pátio e que alimento, trabalho no meu jardim — conta, com um sorriso escondido atrás da máscara e acompanhado de um brilho no olhar.
Nilza Roncarelli, 79, também frequenta as oficinas no Tia Oli. Viúva, ela é mãe de Jocelei, 57, e Joceli, 56, e mora sozinha:
— Gosto muito de cantar e de aprender coisas novas. Eu não sabia lidar com computadores e aqui a gente se renova. É desafiador e nos faz aprender. Todos deveriam ter um lugar assim para não ficarem sozinhos em casa. Vir aqui conversar e se distrair. Quem tem a oportunidade que venha compartilhar essa energia com a gente. Idosos somos todos, então vamos ficar juntos — convida ela.
Atendimento privado
Já Francelina Ignez da Costa, 75, frequenta o Centro Dia para Idosos (CDI) ComVida. O espaço, que fica no bairro Jardelino Ramos, é privado e atende pessoas que precisam de um lugar para passar o dia com os cuidados necessários. Dona Ignez, como gosta de ser chamada, também é viúva. Ela é mãe de Carlos Alberto, 47, e Gabriel Antônio, 41. Ela mora sozinha na casa onde criou os filhos. Lá, ela cozinha, limpa e se dedica às atividades que mais gosta. Hoje, conta com a ajuda de cuidadoras depois de ter sofrido um AVC.
— Na nossa idade não trabalhamos muito e vir até aqui nos ajuda a ficar bem a nos mexer. Faço fisioterapia, caminhamos no pátio e nos exercitamos, temos artesanato, atividades, música e dança. Sempre gostei de cantar e dançar. É um recanto abençoado para passar o dia. Sei que enquanto estou aqui meus filhos também podem trabalhar tranquilos porque estou segura — comemora ela.
Serviços para aumentar a autoestima e ajuda no envelhecimento saudável
Em Caxias, há serviços voltados a quem passou dos 60 anos para aumentar a autoestima e valorizar a terceira idade. São espaços certificados pelo Conselho Municipal do Idoso (CMI).
A presidente do Conselho, Danielle Cristina Lucena Rech, que também é coordenadora do Centro de Convivência Capuchinhos — Centro Dia para Idosos, ressalta que a pirâmide demográfica se inverte cada vez mais. Por isso, é necessário pensar em como envelhecer bem. Ela explica que são atendimentos tanto para quem precisa de ajuda seja por limitações físicas ou cognitivas, bem como para quem quer realizar atividades em grupo e se manter ativo.
— Estamos vivendo mais e contamos com serviços de convivência para ajudar a envelhecer de maneira saudável, ativa, se mantendo no convívio com a sociedade. Aqueles que não têm limitações, mantêm a autonomia e a independência e se sentem integrados — afirma a presidente.
Para ela, esses espaços de convivência são um diferencial na vida de cada um deles:
— Ajuda na saúde física, mas também na mental. Quando eles estão em isolamento acabam ficando depressivos. Todos esses serviços são positivos porque eles estão fazendo atividades, exercícios e se relacionando com outras pessoas. A atividade faz trabalhar o cognitivo e o físico, eles ficam em movimento e trabalham situações positivas tanto para a mente quanto para o corpo. Isso ajuda a se manterem ativos e envelhecer de forma mais saudável.
Saber envelhecer
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o envelhecimento ativo está atrelado a quatro pilares: saúde, participação, segurança e aprendizagem ao longo da vida. Tais pilares podem acontecer simultaneamente, na medida em que estão interligados. Enfermeira e uma das proprietárias do ComVida, Juçiana Isabel da Silva explica que os idosos frequentam o centro de convivência em horários alternados. A maioria deles chega sedentário e vai aprendendo como manter o corpo e a mente mais saudáveis com a ajuda de uma equipe multidisciplinar. Para mais informações sobre o serviço, basta acessar o site centrodiacomvida.com.br ou entrar em contato pelo telefone (54) 99186-1078.
— Estar aqui os ajuda a trabalhar a socialização, a evitar a depressão e a manter vínculos. Os atendimentos são voltados ao que eles precisam e queremos levar cada vez mais eles para viver em comunidade. Queremos, a medida em que a pandemia for sendo vencida, levá-los para passeios, cinema, shopping. Fazemos esse trabalho de filhos e netos de aluguel porque a família trabalha o dia todo e não pode passar esse tempo com eles, mas querem que tenham dias saudáveis.
A coordenadora do projeto social do Tia Oli, a assistente social Débora Zardin de Lima, explica que o serviço é mantido pela Associação Mão Amiga e com repasses do Fundo Municipal do Idoso. A meta é atender 90 pessoas por mês.
— Eles têm um espaço para conviver, onde incentivamos a redução de conflitos. Há troca de conhecimentos para potencializar as habilidades de cada um e o respeito ao direito de ser. Temos oficinas de música, pintura, artesanato, informática e a que tem lista de espera é para participar dos grupos de psicologia. É um espaço para que se sintam acolhidos — destaca ela.
Para participar, basta ligar para (54) 3025-3976 ou para o (54) 99119-0121 e agendar entrevistas.
Serviços
Poder público (serviços gratuitos)
:: Convivência dos CRAS realizados nos territórios (oito serviços — um em cada CRAS)
:: Conviver da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
Organizações da Sociedade Civil em parceria com o poder público (serviços gratuitos)
:: Proteção Social Básica: Tia Oli e SCAN
:: Média Complexidade: Centro de Convivência Capuchinhos e Centro de Convivência Paz e Bem, além do SPEI (serviço domiciliado).
Outros serviços
:: Clubes de Mães, Sesi, Serviço de Convivência Jesus Senhor.
Atendimento privado para idosos
:: Centro Dia ComVida
:: UCS Sênior