Uma empresa do ramo de vidros especiais de Caxias do Sul foi um dos alvos da Operação Vetro que cumpriu nesta terça-feira (24/08) seis mandados de busca e apreensão na cidade e também em Esteio e São Leopoldo. A ação, fruto de uma investigação que apura a suspeita de fraude em processo de recuperação judicial, foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco - Núcleo Serra), do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS).
Os alvos da operação foram duas empresas e quatro sócios. Segundo apuração do MP, os investigados utilizaram uma empresa localizada em Esteio para fraudar o processo de recuperação judicial da empresa caxiense. Ainda de acordo com a investigação, essa empresa de Caxias do Sul, com dívidas de aproximadamente R$ 100 milhões, entrou com pedido de recuperação judicial em 2018.
A reportagem do Pioneiro apurou que se trata da Vidroforte, companhia fundada em 1989 que fornece vidros especiais para os segmentos automotivo, de construção civil e outros setores de transporte, como trens e embarcações. Também tem como clientes empresas de segurança e dos setores moveleiro e eletrodoméstico. Procurada, a empresa preferiu não se manifestar sobre o caso.
Segundo a investigação, a empresa de Esteio, criada meses antes do pedido, comprou a maior parte dos créditos da Vidroforte. Desta maneira, os dois sócios deste estabelecimento, ligados aos sócios da empresa caxiense, puderam aprovar o plano de recuperação judicial de forma inidônea, com inúmeros benefícios para a empresa de Caxias e prejuízos significativos aos verdadeiros credores, incluindo dívidas trabalhistas.
A recuperação judicial é um mecanismo utilizado por empreendimentos com dificuldades financeiras e tem como objetivo evitar a falência do negócio. Na alternativa, a empresa propõe uma espécie de renegociação dos seus débitos com os credores, que precisam aprovar a proposta em assembleia.
A Operação Vetro é o resultado de uma investigação que começou há um ano e meio e está sendo conduzida pelo coordenador em exercício do Gaeco — Núcleo Serra, Roberto José Taborda Masiero e pelo promotor de Justiça de Caxias do Sul Alexandre Porto França.
O MP informou, via assessoria de imprensa, que não concederá entrevistas sobre a investigação.