A cidade de Caxias do Sul passará a contar com um banco de materiais de construção. Isso será possível graças ao fim do impasse entre o poder municipal e o Estado, que na última semana assinaram a rescisão do convênio e a cedência do prédio construído pela Metroplan, localizado na RS-122, próximo à Codeca. Com isso, o local será utilizado como sede da iniciativa que visa oportunizar pessoas em vulnerabilidade a terminarem suas habitações, como também dar o encaminhamento correto aos materiais utilizados nas obras da cidade.
O acordo entre as partes encerrou 12 anos antes que se previa no contrato inicial. Nos primeiros oito, a estrutura recebeu uma usina de reciclagem. Porém, a partir do fim das atividades, acabou abandonado e, com o tempo, foi vítima de várias depredações, incluindo dos pavilhões. Por isso, a prefeitura buscou a negociação e conseguiu que o pavilhão voltasse para si. E para dar uma nova usabilidade ao local, será criado um banco de materiais de construção.
Um dos objetivos do projeto é transformar o desperdício em benefício social e ambiental. Por isso, irá proporcionar às pessoas de baixa renda ou em vulnerabilidade utilizar estes materiais para as melhorias de suas residências.
Além disso, conforme o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego, Elvio Gianni, o Banco será peça importante para resolver uma das questões crônicas da cidade: o descarte irregular dos materiais de construção.
— Hoje, Caxias do Sul tem 1,2 mil lixões e o grande problema que se tem são as sobras dos materiais de construção. Essa é uma responsabilidade de quem produz, mas a maioria não contrata as caçambas e acaba jogando em qualquer lugar, o que gera desperdícios e afeta o meio ambiente — comenta.
O trabalho para a formatação do banco de materiais de construção terá duas frentes. A primeira será uma parceria com entidades, em especial o Sinduscon, que enviará o que não foi utilizado nas grandes obras até o pavilhão. Junto a isso, uma campanha com a população que esteja fazendo uma reforma e queira doar os materiais. O recolhimento contará com apoio de logística e caminhões da Secretaria de Habitação. E, por fim, da área social, que baseado nas informações cadastrais e necessidades, irão encaminhar o público ao local para fazer a busca dos materiais.
A segunda é um encaminhamento de parceria com a Secretaria de Educação para a oferta de curso de capacitação no local, como revela Gianni.
— É a criação de um curso de capacitação para a construção civil para crianças e jovens no contraturno escolar, em parceria com a secretaria de Educação. Fizemos um mapeamento de cinco regiões com mais escolas para ocorrer essa capacitação. Tudo isso será feito no próprio prédio do Banco — explica.
Mas, antes destas iniciativas, o local precisará de uma série de benfeitorias. Segundo o município, o próximo passo será a roçada do terreno, o cerceamento e a formalização de um TAC na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) para ser aplicado.
O prédio também será deixado em condições. O primeiro passo será a parte administrativa e, depois, as demais áreas. O local contará com a segurança da Guarda Municipal. Sobre datas para a conclusão e execução de todo o projeto, Gianni opta pela cautela.
— Ainda não temos datas, mas posso garantir que esse assunto é prioritário dentro da nossa pasta e do governo. Como essas melhorias não precisam de licitação, pois serão os empresários que irão ceder os materiais para o prédio, o processo tende a ser mais rápido. São 12 anos que o prédio está parado e em seis meses já conseguimos avançar e muito. Ao invés de ser “lixo” vamos dar um destino correto para esses materiais para serem utilizados pelas pessoas que precisam cuidar de seus lares e não têm condições para promover essas melhorias — ressalta.