Caminhar pelas calçadas da área central de Caxias do Sul requer atenção. Qualquer distração ao que está no chão pela frente pode significar um tropeço, um mal jeito no tornozelo ou mesmo uma queda. Isso porque, além dos desníveis entre uma calçada e outra, existem trechos com pedras soltas, falhas no calçamento e buracos. Neste domingo é o Dia do Pedestre. Para marcar a data, o Vivacidade realiza uma ação neste sábado (7). O grupo vai colocar adesivos em forma de curativos em alguns pontos da área central.
— O objetivo dessa ação é gerar uma reflexão sobre toda a cadeia que envolve o pedestre, o motorista, o proprietário da residência, o comerciante, o empresário, e entre os pedestres, temos os idosos, pessoas com mobilidade reduzida, crianças. Então, é um impacto muito grande. Quando estamos cuidando da calçada, estamos cuidando do pedestre, das pessoas e favorecendo a mobilidade — pondera Madeline Juber, do Vivacidade.
A reportagem percorreu os passeios no quadrilátero formado pelas ruas Visconde de Pelotas, Sinimbu, Borges de Medeiros e Pinheiro Machado, nesta tarde, para verificar as condições enfrentadas pelos caminhantes. O problema mais grave está na Avenida Júlio de Castilhos, a principal via da cidade, entre as ruas Dr. Montaury e Visconde de Pelotas. Os ferros que atravessavam a parte superior de uma espécie de bueiro, como uma grade, foram arrancados, deixando um profundo buraco. Isso ocorreu há cerca de um mês, segundo funcionários de uma loja que fica em frente. Depois de presenciar diversas pessoas caindo com o pé no vão, eles colocaram um tubo de papelão com uma sacola na ponta para sinalizar o local e evitar novas quedas.
Praticamente na mesma localização, só que no canteiro central da avenida, existe outro buraco ainda maior e há mais tempo de acordo com os atendentes. Também foram colocados objetos dentro dele para torná-lo visível. Esses buracos são verdadeiras armadilhas para pedestres que andam apressados, muitas vezes, desatentos ao caminho ou com mobilidade limitada ou reduzida, causando acidentes.
— Um senhor caiu ali, coisa mais triste — disse Taís Dias, funcionária da loja, referindo ao buraco no canteiro.
Ela diz que o outro, que fica no passeio, também preocupa:
— Imagina, criança cai ali, pessoas de idade caem. Pagamos impostos... é uma falta de respeito isso.
A professora Maria José Castillo Vasconcellos Portela, 56 anos, é moradora do Centro e caracteriza a situação como de abandono.
— Acho um abandono. Não só porque é a rua principal (da cidade). Penso, principalmente, nas pessoas que têm deficiência visual. Se fala tanto em não excluí-los, ao contrário, agregá-los... isso é uma vergonha — declarou.
Ela comentou também sobre as más condições de higiene da Praça Dante Alighieri, mencionando a presença de ratos no lugar.
— Cadê esse olhar da prefeitura? — questiona.
Confira como estão as calçadas de alguns trechos da área central:
1) Sinimbu, entre a Visconde de Pelotas e a Dr. Montaury: Tem elevação de calçada por raiz de árvore; pedras soltas, algumas quebradas e outras faltando. Há obstáculos, como tapume de obra e gôndola, manequins e totens de lojas. Total: 18 defeitos.
2) Sinimbu, entre Dr. Montaury (pela Praça Dante) e Marquês do Herval: Tem obstáculos, como hastes de placas. As condições são boas no geral, com algumas pedras quebradas mas não soltas. Piso Tátil.
3) Sinimbu, entre Marquês do Herval e Borges de Medeiros: Tem tampa de bueiro quebrada; caixa com desnível para baixo. Piso tátil em algumas frentes de lojas.
4) Borges de Medeiros, entre Sinimbu e Avenida Júlio de Castilhos: Elevação por causa de raiz de árvore; desníveis de uma calçada para outra.
5) Borges de Medeiros, entre Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado: Tem pedras substituídas mal colocadas; pedras soltas; elevação causada por raiz de árvore; desníveis de uma calçada para outra.
6) Pinheiro Machado, entre Borges de Medeiros e Marquês do Herval: Tem pedras em desnível; pedras quebradas; lixeira; elevação por raiz de árvore.
7) Pinheiro Machado, entre Marquês e Montaury: Tem pedra solta, buraco por falta de paralelepípedo com água em entrada de veículos; pedras soltas. Piso tátil em frente a uma loja.
8) Pinheiro Machado, entre Montaury e Visconde de Pelotas: Tem pedras quebradas; estreitamento do passeio; desnível lateral; pedras faltando, canteiro sem árvores em desnível; totem de loja.
9) Visconde de Pelotas, entre Pinheiro Machado e Avenida Júlio de Castilhos: Tem pedra solta; buraco pequeno.
10) Visconde de Pelotas, entre Avenida Júlio de Castilhos e Sinimbu: Tem pedras faltando; pedra rebaixada; placa de restaurante; alguns canteiros com entulho. Piso tátil em quase toda.
11) Dr. Montaury, entre Sinimbu e Avenida Júlio de Castilhos: Tem desnível; pedras soltas.
12) Dr. Montaury, entre Avendia Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado: Tem desníveis; pedras soltas, outras quebradas e algumas faltando. Tele-entulho na calçada.
13) Marquês do Herval, entre Sinimbu e Avenida Júlio de Castilhos: Tem pedras soltas, inclusive uma parte isolada com fita devido a isso.
14) Marquês do Herval, entre Avenida Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado: Tem tampas de caixas com desnível; pedras colocadas de forma irregular.
15) Avenida Júlio de Castilhos, entre Borges de Medeiros e Marquês do Herval: Tem pedras soltas na entrada de um estacionamento; buraco causado por falta de pedras no alargamento.
16) Avenida Júlio de Castilhos, entre Marquês do Herval e Dr. Montaury: Está em boas condições.
17) Avenida Júlio de Castilhos, entre Dr. Montaury e Visconde de Pelotas: Tem pedestal de farmácia; buraco (marcado com tubo de papelão) e outro grande no canteiro central; pedra faltando.