A liberação de serviços e adequações de protocolos não significa que a situação das internações hospitalares deixou de ser um problema. Nesta quarta-feira (16), 36 pessoas aguardam por um leito de UTI entre os municípios da Serra. Destes, 27 esperam por uma vaga dentro de alguma UTI Covid. Neste mês, segundo a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), houve dias ainda piores.
No último dia 4, eram 43 pessoas à espera. Além disso, dos 36 desta quarta-feira, 11 estão entubados em setores de emergências ou UPAs. A ocupação faz com que outras doenças fiquem desassistidas já que pacientes com covid-19 são transferidos para leitos de UTI clínica após o prazo de transmissão.
Segundo a titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, Claudia Daniel, Caxias é a pior cidade em relação a quantidade de pessoas aguardando por vagas. No maior município da Serra, 24 pessoas esperam por um leito de UTI Covid. A taxa de ocupação em leitos privados de UTI Covid nos hospitais da cidade está em 107,06%. Em UTIs do SUS é de 101,72%. Os dados são do Painel Covid da prefeitura. De acordo com Claudia, a média de idade entre os internados é abaixo dos 60 anos.
— Ainda estamos em uma situação de agravamento importante da ocupação hospitalar. Hoje nosso sistema de saúde não dá conta de absorver todos os pacientes. Mesmo assim, nos últimos dias nota-se uma melhora gradativa em várias cidades. O motivo não é tão claro, mas pode ser a própria curva da infecção, porque há momentos de melhora antes de atingir outros picos — explica.
Em Bento Gonçalves, segundo Claudia, o que preocupa é o número de atendimentos. São em média de 700 a 850 por dia sendo que, destes, a estimativa é de sempre de que pelo menos cinco venham a apresentar complicações.
— Se somarmos, em uma semana, dá no mínimo 20 pacientes que vão apresentar complicações. Isso pode gerar um saturamento do sistema — afirma.
A média de atendimentos para covid-19 é calculada na procura da UPA, incluindo a tenda de síndrome gripal e setores de urgências e emergências. Bento Gonçalves apresenta ocupação de 134% em leitos de UTI SUS e 159% em leitos de UTI privada, segundo a secretaria municipal da saúde.
Em Garibaldi, a administração do Hospital São Pedro, projeta fechar oito leitos de UTI por falta de recursos para mantê-los. Os 18 leitos estão todos ocupados nesta quarta-feira (16).
Em Vacaria, lotação de UTIs é alta há pelo menos três meses
No Hospital Nossa Senhora da Oliveira, em Vacaria, a taxa de ocupação em 100% é mantida nos oito leitos de UTI Covid e nos três colocados no setor de urgência e emergência. Nesta quarta-feira (16), o total de pessoas com coronavírus no hospital é de 44, a maioria está em enfermarias ou leitos clínicos.
Mesmo que a situação seja complexa, a diretora-presidente do hospital, Adelide Canci, destaca que é melhor do que no mês passado. Em maio, o hospital precisou transferir pacientes por falta de espaço.
— Um dos motivos para a redução pode ser a medida da prefeitura, que fechou os serviços em alguns finais de semana. Chegávamos a 70 internados com covid. Vinte a menos significa que já podemos respirar — conta.