O Hospital São Pedro, em Garibaldi, vive um situação difícil, com déficit nas despesas calculado pela administração de cerca de R$ 2 milhões neste ano. A quantia, somada à falta de recebimento de verbas federais e aumento do preço de medicamentos são os principais motivos para que a instituição de saúde planeje fechar leitos de UTI Covid no próximo mês. Nesta quarta-feira (16), o nível de ocupação nos 18 leitos da unidade é de 100% - essa média se mantém há três meses.
O administrador do hospital, Jaime Kurmann, explica que o São Pedro abriu leitos de tratamento intensivo de coronavírus em maio de 2020. Foram abertos inicialmente 10 leitos, seguidos de outros cinco, totalizando 15 vagas para o SUS. No ano passado, outros três leitos de UTI Covid foram inaugurados para o público de planos de saúde.
Segundo Kurmann, a estratégia foi possível graças a emendas parlamentares e recursos do governo federal. Para se ter uma ideia, cerca de R$ 3 milhões foram repassados ao hospital em 2020 por meio de emendas e R$ 1,3 milhão via auxílio emergencial de verba federal. Neste ano, apenas em torno de R$ 300 mil chegaram por meio de emendas. A diferença drástica faz com que o fechamento de oito leitos possa ser realidade até o final do próximo mês.
— É uma ideia que pode ser colocada em prática porque estamos com esse déficit. Não é interesse do hospital fechar os leitos. Queríamos que fechassem pela redução de casos (de coronavírus), mas isso acontecerá apenas após a vacinação. Não posso comprometer o hospital — diz.
O número de internações de covid-19 chegou a 353 em 2020 no Hospital São Pedro. Neste ano, já são 330. A quantidade praticamente se iguala aos nove meses de pandemia de 2020 apenas com seis meses de 2021. Além disso, a média de dias em que os pacientes ficam internados subiu de 6 para 9,5, segundo a administração.
Alta de medicamentos e compra na Turquia
De acordo com Kurmann, desde fevereiro o hospital precisa, ainda, lidar com a alta nos preços dos principais medicamentos utilizados na UTI. O sedativo midazolam, por exemplo, era adquirido por R$ 15,30. Atualmente, custa R$ 116.
No mês de março, quando a situação de falta dos remédios se agravou no Brasil, uma das alternativas foi feita por meio da Federação dos Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul. Oito hospitais, incluindo o de Garibaldi, se uniram para adquirir remédios vindos da Turquia. Conforme a Federação, houve a aquisição de mais de 47 mil medicamentos e a conclusão do processo acontecerá no final deste mês. Kurmann espera que eles cheguem na instituição ainda nesta semana.
Os outros hospitais envolvidos na compra de medicamentos são Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul, Hospital São Carlos de Farroupilha, Hospital Vida e Saúde de Santa Rosa, Santa Casa de São Gabriel, Hospital Sapiranga, Hospital Nossa Senhora da Oliveira de Vacaria e Hospital de Caridade de Santo Ângelo.