Encerrada no dia 20, a Campanha do Agasalho deste ano em Caxias arrecadou, até o momento, 116 mil peças de roupas. O número ainda não está fechado porque a equipe da Fundação Caxias ainda está recolhendo as caixas de coleta e contabilizando as doações. Em 2021, a ação teve como tema "É de pessoas como você que precisamos de ajuda".
O presidente da Fundação Caxias, Paulo Poletto, elogia a mobilização da comunidade:
— Cada vez mais o povo caxiense está percebendo que fazer o bem é bom para quem dá e para quem recebe. Agradecemos a todas as pessoas que fizeram as doações, por menor que tenha sido, é uma grande ajuda para quem precisa.
A novidade nesse ano da campanha foi a participação de cerca de 60 condomínios, que possibilitou que os moradores pudessem realizar as doações sem sair de casa.
— A expectativa que tínhamos de repetir o número do ano passado vai se concretizar: até o final da contagem vamos ter cerca de 150 mil peças. Esperamos que ninguém passe frio em Caxias — diz Poletto.
Até o momento, 102 mil peças já foram distribuídas e estão esquecendo o inverno dos caxienses. As peças são entregues para entidades que atuam na causa social, que depois fazem a distribuição.
Nesse ano, 70 entidades foram beneficiadas com as doações. Uma delas é a Associação Criança e Adolescente no Esporte Beltrão de Queiróz (CAE), um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos que atende crianças e adolescentes de seis a 15 anos. A coordenadora Gabriela Ghellere explica que a ONG oferece aulas de música, artesanato, esportes e outras atividades para 40 crianças e adolescentes da comunidade. Na pandemia, o cenário mudou e a equipe do CAE passou a servir almoço para os pequenos e distribuir cestas básicas para 80 famílias.
— Por menor que seja, a doação é de grande importância porque, em virtude da pandemia, as necessidades aqui do território se acentuaram bastante. A maioria das famílias é formada por trabalhadores informais e que ficaram sem renda — relata Gabriela.
Só sente frio, quem de fato passa frio. Nós que estamos agasalhados, estamos com roupas e calçado adequado, não sentimos a dor daqueles que sentem frio.
PAULO POLETTO
Presidente da Fundação Caxias
Outra entidade que as doações vão fazer a diferença é o Clube de Mães Cristo Operário, que ajuda a alimentar cerca de 36 famílias, mas busca doações para agasalhar muito mais do que isso. A voluntária Janete Elisa Dewes conta que se surpreendeu com a demanda neste ano.
— É muita gente, eu não dou conta de arrecadar. Em alguns lugares é preciso segurar as lágrimas porque é comovente: eles moram em barracos de chão batido, eu chego a perder o sono pensando em como vestir e alimentar essas pessoas — diz Janete, emocionada.
A campanha do agasalho também vai ajudar quem está na Casa de Passagem Carlos Miguel, entidade que acolhe e oportuniza abrigo temporário à população em situação de rua. A coordenadora, Alda Lundgren, conta que desde março de 2020 a casa está sempre cheia. A lotação máxima é 40 pessoas, mas, atualmente, 48 estão sendo acolhidos.
— A Fundação Caxias tem sido essencial para nós, tem sido nosso auxílio. Eles não doam apenas roupas, mas o que precisar. Caxias é uma cidade extremamente solidária e isso tem feito a diferença — comove-se Alda.
Uma semana depois que a Campanha do Agasalho começou oficialmente, a Fundação Caxias e a secretaria municipal de Educação de Caxias do Sul lançaram também a Campanha do Agasalho Kids. A intenção foi reforçar as doações para crianças desassistidas.
— A secretária da educação me informou que crianças estão indo praticamente sem calçados e sem roupas para a escola. Isso é de lamentar muito, isso nos emocionou — conta Poletto, explicando que as doações foram e serão entregues para escolas da rede pública e abrigos atendidos pela Fundação de Ação Social de Caxias do Sul (FAS).
A Campanha do Agasalho já acabou, mas as voluntárias reforçam o apelo para a comunidade:
— Não joguem roupas no lixo, destinem nos mercados, nas caixas de doação. Com tanta gente que precisa se agasalhar, devemos ter consciência — pede Janete do Clube de Mães.
Outro pedido é que as pessoas doem somente as roupas em boas condições de uso.
— Não é porque o outro está ganhando que pode ser qualquer coisa. Eles ficam muito agradecidos e a gente vê eles usando e fazendo um bom uso do que foi doado — conta Gabriela, do CAE Euzébio Beltrão de Queiroz.