O ataque que deixou o Largo do Correio Riograndense às escuras, infelizmente, não é uma novidade em Caxias do Sul. Nos últimos quatro anos foram cinco grandes furtos de materiais que deixaram praças da cidade sem iluminação e causaram um prejuízo de mais de R$ 100 mil aos cofres públicos. Além da necessidade de reinvestimento para restabelecer a luz, os furtos trazem insegurança à população que utiliza os locais, e até mesmo inviabiliza o aproveitamento dos espaços.
O Largo é uma área de lazer e prática de esportes que fica na Avenida Júlio de Castilhos, no bairro Cinquentenário. Após denúncias de um "apagão" no local, na última quinta-feira, equipes do Setor de Iluminação Pública da Secretaria de Obras fizeram uma vistoria no lugar e constataram o furto de componentes nas caixas de comando elétrico. Partes integrantes externas, como tela metálica de proteção e cadeado, foram arrancados e quebrados.
Para tentar evitar novos furtos, a equipe fará mudanças no sistema. Por isso, o restabelecimento deve levar alguns dias. Segundo o diretor de Iluminação Pública, Cesar Furlanetto, no Largo do Correio Riograndense será instalado um poste de concreto de nove metros e todos os equipamentos auxiliares serão instalados a uma altura de aproximadamente sete metros. A prefeitura estima um investimento de cerca de R$ 5 mil. Não há previsão de data para o fim do trabalho.
Essa estratégia de modificar o mecanismo e fortalecer a proteção aos materiais e componentes já foi adotada em outros pontos da cidade que foram alvo das ações dos ladrões, como a Praça do Trem, a Praça João Pessoa e o entorno do Monumento ao Imigrante.
O mais emblemático deste ano, conforme Furlanetto, foi o caso da BR-116, trecho entre o Monumento ao Imigrante até a entrada da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O prejuízo chegou a R$ 30 mil. O conserto necessitou do envolvimento de mais de 20 servidores, desde a poda das árvores até os reparos elétricos.
— As técnicas utilizadas pelo departamento de iluminação pública estão na eliminação das redes subterrâneas e construção de redes aéreas, com altura superior a oito metros e com cabos de alumínio, material este com valor de mercado bem inferior quando comparado ao cobre — explica Furlanetto, referindo projetos que evitem que os ladrões tenham alcance aos materiais.
Além desses grandes furtos, outros menores e atos de vandalismos, que vão desde depredação a luminárias atingidas por arma de fogo, ocorrem quase que semanalmente na cidade, de acordo com a prefeitura. A comunidade pode ajudar a evitar ações como estas denunciando para a Guarda Municipal, pelo 153, ou para a Brigada Militar, no 190.
— A comunidade acaba sendo prejudicada porque não pode usar o espaço. Claro, temos as restrições da pandemia, agora. E também a prefeitura que já está com recursos escassos deixa investir em outras coisas para fazer esses consertos. É incompreensível esse tipo de situação — lamentou o secretário de Obras e Serviços Públicos, Norberto Soletti.
Casos mais graves nos últimos anos:
2021
:: BR-116, trecho entre o Monumento ao Imigrante até a entrada da Universidade de Caxias do Sul (UCS): Foram furtadas uma caixa com todos os acionamentos e proteções de iluminação e boa parte do cabeamento trifásico de cobre do trecho. Os cabos que não foram retirados foram picotados em diferentes lugares e retirados em partes o que inviabilizou a reutilização. Neste caso, foram inutilizados ou furtados em torno de dois quilômetros de cabos de cobre subterrâneo, os quais foram substituídos por rede elétrica aérea de alumínio em altura superior a oito metros. O prejuízo chegou a R$ 30 mil.
2020
:: Praça João Pessoa: Toda fiação subterrânea foi furtada e boa parte dos postes de iluminação depredados. Em alguns pontos, perto dos banheiros, as luminárias eram apedrejadas pois moradores de rua dormiam ou usavam o local para consumo de drogas. Neste caso, a ação do município foi a retirada de todos os postes com os globinhos, inutilização de toda rede subterrânea e instalação de iluminação aérea e algumas luminárias com proteção metálica. Prejuízo estimado de R$ 9 mil.
2019
:: Parque dos Macaquinhos: Mais de 1,5 km de cabos trifásicos subterrâneos foram furtados. Considerando que no trecho em questão não havia possibilidade de construir rede elétrica aérea, o departamento técnico projetou uma rede subterrânea profunda e 20 caixas de concreto. Desde então, nunca mais houve eventos de furto nesta área do parque. Prejuízo estimado de R$ 20 mil. No decorrer do ano, outras ações menores foram contornadas com redes aéreas.
2018
:: Praça do Trem: Toda fiação subterrânea foi furtada, cerca de 3 km de cabos; a guarita onde estava instalado todo quadro de acionamento e proteções foi arrombada e furtada e algumas luminárias foram depredadas. Todo cabeamento subterrâneo foi reinstalado e alguns trechos foram concretados. Todos equipamentos de comando de iluminação foram instalados em um poste de concreto a mais de sete metros de altura e a caixa de passagem principal tem dois blocos de concreto de 200kg cada um sobre a tampa para o fechamento. Prejuízo estimado de R$ 35 mil.