O entorno de Farroupilha e os acessos a Caxias do Sul, a partir do município vizinho, são os trechos de pior conservação entre as quatro principais rodovias estaduais da Serra. É o que constatou a reportagem do Pioneiro ao percorrer 148 quilômetros para verificar as condições das RSs 122, 453, 446 e 813 na manhã de quinta-feira (27).
Embora os problemas sejam generalizados, a RS-122, entre Caxias do Sul e Farroupilha, e a RS-453, entre Farroupilha e Garibaldi, são os trechos com buracos em maior tamanho e quantidade. Na RS-122, o destaque negativo é observado nas regiões de Forqueta, Linha Julieta e, o trevo de saída para Porto Alegre, onde buracos de grande porte persistem, ainda que alguns tenham sido fechados. No ponto onde ficava o antigo pedágio de Farroupilha, há tantos buracos concentrados, que exige maior atenção do condutor.
Entre São Vendelino e Farroupilha, a RS-122 segue apresentando muitas ondulações na pista, devido ao fluxo intenso de caminhões. O asfalto desgastado, porém, chama mais atenção na região de São Vendelino e, no trecho entre Nova Milano e a Curva da Morte, onde há buracos de pequeno porte.
Na RS-453, entre Farroupilha e o entroncamento com a BR-470, em Garibaldi, os problemas começam ainda na rotatória de acesso ao Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, onde os motoristas são obrigados a desviar de buracos. O trecho onde a rodovia deixa de ter pista dupla, em direção a Garibaldi também apresenta buracos e pavimento irregular. O entroncamento com a RS-448, assim como da localidade de Burati até Garibaldi também há buracos mais concentrados, assim como pista irregular, especialmente nas terceiras faixas.
As rodovias gaúchas são as piores do Brasil
Morador da cidade de Capitão Leônidas Marques, no interior do Paraná, o caminhoneiro Leonir Dahmer, 38 anos, transporta cargas diversas entre o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso. Pela Serra, ele circula em média duas vezes por mês. Entre todos os estados por onde trafega, Dahmer classifica as rodovias gaúchas como as piores. Na região, o destaque negativo para ele é o trecho de Caxias do Sul a Garibaldi.
— Acho que de dois anos para cá piorou muito. Tapa buraco, por exemplo, quando não chove tem buraco aberto, imagina em período de chuva — reclama.
A RS-813, que liga Farroupilha a Garibaldi, é a rodovia em piores condições gerais. Apesar de ter poucos buracos profundos, o asfalto é antigo e irregular em praticamente toda a extensão entre os dois municípios. Apenas na saída de Farroupilha, onde há um trecho sob responsabilidade municipal, o asfalto e a sinalização apresentam boas condições. Do km 9 até o entroncamento com a BR-470, o cenário é de constantes trepidações causadas pelo pavimento esfarelado.
Já na RS-446, que liga Carlos Barbosa a São Vendelino, há pontos problemáticos ao longo de toda a extensão. A maior concentração de buracos e asfalto irregular, contudo, fica entre o acesso a Carlos Barbosa e a ponte sobre o Arroio Santa Clara, assim como no entorno da ponte da localidade de Santa Luiza. No acesso a São Vendelino, ondulações e irregularidades causadas por remendos exigem cuidado, apesar dos poucos buracos. Onde há pavimento em boas condições, o problema é a ausência de sinalização, que não foi reaplicada após recapeamentos.
Em busca de solução
Diante da realidade das rodovias da região, o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB) solicitou na semana passada uma reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB) para pedir ações de manutenção nas estradas. Apesar do ofício já ter sido encaminhado, ainda não houve retorno com a data do encontro.
Procurado pela reportagem, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) disse que o órgão aguarda recursos financeiros e que o governo do Estado está finalizando o cronograma de obras e serviços na malha rodoviária estadual para o restante do ano. Novas intervenções nas rodovias da Serra serão executadas após essa definição.
Diante da escassez de recursos públicos, a expectativa é de que a solução definitiva para os problemas estruturais das rodovias da região ocorra somente com as concessões. O cronograma do governo do Estado prevê que o contrato seja assinado em maio de 2022. Por enquanto, os estudos de modelagem das parcerias estão em fase final, mas Leite anunciou na última terça-feira (25) que as consultas públicas a respeito das propostas devem começar em duas semanas. É nas consultas e audiências públicas que o Piratini deve revelar onde ficarão os pedágios e qual o valor previsto para as tarifas.