O nível de água na barragem Burati, em Farroupilha, é de apenas 36,3% capacidade total de armazenamento. Para se ter uma ideia, a reserva dentro da estrutura começa a ser afetada a partir dos 30% de nivelamento. A situação do abastecimento em um dos principais municípios da Serra reflete a preocupação que há em relação à estiagem. Nesta terça-feira (11), o volume total chegava apenas a 1 milhão e 200 mil metros cúbicos na principal barragem da cidade de cerca de 73 mil habitantes. A represa tem capacidade para armazenar 3 milhões e 300 mil metros cúbicos.
De acordo com o superintendente da Corsan na região nordeste do Estado, Tiago Dellanhese, a falta de chuva neste ano chama a atenção por durar mais tempo que a média já vivenciada. No verão de 2019/2020, foram três meses com níveis baixos, de novembro a fevereiro. O atual cenário já é realidade desde fevereiro.
— Desta vez, a estiagem perdura por mais tempo com índices pluviométricos muito baixos. A baixa precipitação fez com que nossos reservatórios, nossas barragens, não conseguissem recuperar a água que foi utilizada. É o segundo ano seguido em que temos o uso da barragem nesse nível, em torno de 30% — diz.
Com o volume que há na barragem, o abastecimento de água em Farroupilha fica garantido apenas para os próximos cerca de 100 dias. O cenário poderá mudar não apenas se chover, mas se chover exatamente na bacia de captação.
— O índice de hoje na barragem é tranquilo para mais três meses de abastecimento. Cremos que teremos dentro desse período aumento do índice e estaremos com a barragem cheia novamente. Contamos com o tempo e a previsão não é algo 100% correto, mas esperamos que com o inverno tenha um índice de chuva maior.
Bombas flutuantes foram instaladas para acessar níveis de águas mais baixos. Por conta da redução das reservas, é comum que lagos se formem muito abaixo do alcance dos mecanismos da barragem. Por isso, a Corsan passou a utilizar a ferramenta na semana passada.
— É uma forma diferenciada de captar. Como é uma bomba para estes momentos, foi feita uma força-tarefa para estar em operação. Irá funcionar até que seja necessário. No momento em que começar a chover, retira-se as bombas e a captação volta a ocorrer pela barragem normalmente — afirma.
O volume de água necessário para que o sistema volte ao normal é de pelo menos 40%.
A área central de Farroupilha é abastecida pela barragem Julieta, que apresenta nível normal e que possui 650 mil metros cúbicos de capacidade.
Poço entra em operação em Flores da Cunha, mas caminhões-pipa seguem em funcionamento
Outro município da Serra que sofre com a falta de chuva é Flores da Cunha. Assim como Farroupilha, a cidade é totalmente abastecida por poços de água perfurados pela própria Corsan. Nos últimos meses, os lençóis freáticos não se recuperaram da estiagem. Foi necessário que caminhões-pipade São Marcos abastecessem a cidade.
O principal problema é que um poço, responsável pela área central, precisa ser perfurado novamente. A previsão é que os trabalhos se iniciem na próxima semana.
— Ele provavelmente trancou quando uma bomba desceu e inutilizou o sistema — explica Dellanhese.
Mesmo assim, a Corsan religou um poço, que estava desativado, por meio de gerador há cerca de sete dias. Com isso, a captação de água está acontecendo também por caminhão-pipa, mas diminui o tempo de deslocamento até São Marcos.
A cidade de Fontoura Xavier segue sendo atendida por caminhões-pipa, assim como Flores da Cunha. Mas no caso de Fontoura Xavier, os veículos busca água em Soledade. Em ambos os casos, o fornecimento se dá diretamente no reservatório da Corsan.
Rede de 17 quilômetros em Nova Prata
Uma nova rede no Rio da Prata, em operação desde sexta-feira (7), garante abastecimento total aos moradores. Antes, o Rio Ranchinho compartilhava água, tanto com a cidade quanto com Veranópolis. Agora, o Ranchinho será usado de reserva aos dois municípios. A rede tem 17 quilômetros de extensão. Segundo a Corsan, a capacidade é de 45 litros por segundo.
Na última semana, a Defesa Civil contabilizou 122 municípios gaúchos em situação de emergência por causa da seca no Rio Grande do Sul. Para GZH, a meteorologista da Secretaria do Meio Ambiente, Gabriele Goulart, afirmou que as previsões para chuva não estão otimistas. É necessário que se tenha um período de dias seguidos de chuva acima de 40 milímetros para que haja normalização da situação