Enfrentando um longo período de estiagem, a Defesa Civil estadual já contabiliza 122 municípios gaúchos em situação de emergência por causa da seca no Rio Grande do Sul. Desde novembro de 2020, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) autorizou repasses para 32 municípios gaúchos afetados pelo problema, totalizando R$ 740.196,36 em repasses do governo federal.
Com a falta de chuva, a condição hidrológica das bacias do Santa Maria, Camaquã, Baixo Jacuí, Vacacaí-Vacacaí Mirim, Alto Jacuí, Pardo, Taquari-Antas, Cai, Sinos e Gravataí, além do Rio Uruguai é de alerta, em razão da baixa disponibilidade hídrica. Para as demais bacias é indicada condição de atenção.
De acordo com a hidróloga da sala de situação da RS, Marcela Nectoux, o volume de água dos rios está muito abaixo do que é considerado normal. Embora a principal função das bacias seja o abastecimento de água para as cidades, existem outras funções que também necessitam de um volume de água mais expressivo, como a irrigação e o lançamento de efluentes por indústrias.
— As bacias Taquari-Antas, Sinos e Gravataí são bacias que possuem muito conflito de uso, porque são usadas tanto para abastecimento como para outras finalidades. Hoje, o nível destes rios preocupa, porque logo teremos que controlar entrada de efluentes neles, por exemplo — diz Marcela.
Como o abastecimento de água é prioritário, ainda não há prejuízos nesse sentido. De acordo com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), atualmente, não há nenhum município no Rio Grande do Sul com racionamento de água. Marcela explica que as companhias de abastecimento normalmente desenvolvem estratégias, como mudar as bombas de lugar, por exemplo.
Para que haja uma regularização da situação, é necessário que se tenha um volume de chuva muito expressivo, algo que de acordo com a meteorologista da Secretaria do Meio Ambiente Gabriele Goulart, não deve acontecer.
— As previsões não estão otimistas a curto e médio prazo. Em algumas áreas, choveu 10 milímetros abaixo do esperado e as previsões não são animadoras. Passamos por um período de La Niña e estamos encerrando este ciclo, mas previsão não é otimista. Em junho, por exemplo, a previsão de chuva ainda é irregular e abaixo do esperado — diz Gabriele.
Segundo a meteorologista, é necessário que se tenha um período de dias seguidos de chuva acima de 40 milímetros. Como o período sem chuva expressiva é muito longa, os especialistas alegam que não há reserva hídrica, que é a água que fica no solo e alimenta os aquíferos e também dá vazão aos rios.