Nas últimas duas semanas, 38% dos caxienses que passaram pelo teste para o coronavírus tiveram diagnóstico positivo. Ou seja, de cada 100 caxienses que procuram atendimento, 38 passam para a quarentena por estarem com a covid-19. Um número que poderia ser ótimo se colocado lado a lado com os 50% registrados na metade de fevereiro e início de março. Só que é preciso compreender um contexto mais amplo do momento. E ele é de alerta.
Para analisar a “redução” no número de positivados é preciso compreender que os testes realizados aumentaram consideravelmente após doação do setor privado ao município. Com mais pessoas realizando o exame, não se pode cravar que há redução de casos. Até porque, a média segue alta. Os dados ainda têm subnotificações ou demora para entrarem no sistema municipal. Por exemplo, há Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e a UPA Central que não estão informatizadas. Logo, as fichas são preenchidas manualmente.
— Se formos ver nosso informativo do final de fevereiro, tínhamos 3,1 mil positivos. Isso é um dado fechado. Agora, o dado parcial, da semana passada, está em 1,7 mil. Na anterior, também parcial, está em 2,4 mil. A gente deve ficar na média de 3 mil pacientes semanais — aponta a infectologista Anelise Kirsch, da Secretaria Municipal da Saúde.
Isso mostra um quadro de platô (estabilidade) no momento. Mesmo que as hospitalizações apresentem leve queda, o contexto geral está bem acima do que foi registrado no último mês de 2020, por exemplo, até então a pior curva da pandemia. Os feriados também preocupam e a previsão é de crescimento nos próximos dias.
— Estamos num platô, com previsão de aumento. A gente está vendo o início da bandeira preta lá do início do mês, aquelas medidas do governador antes da Páscoa. A previsão até o final dessa e da próxima semana é de aumento, muito por conta do feriado — explica Anelise.
A tendência de alta é motivo de preocupação. Os novos diagnósticos podem refletir em novas hospitalizações no início de maio, ainda mais que a variante brasileira se mostra mais agressiva e deixa vulnerável pessoas com idade abaixo dos 60 anos. Há mais um feriado, no próximo dia 21. Essas datas preocupam.
— As pessoas aproveitam que estão em home-office e conseguem, com a empresa, emendar um feriadão. Logo, as aglomerações acabam inevitáveis — diz a infectologista.
O momento de cautela segue na dependência do comportamento de toda a população. Quanto mais aglomerações, maior a quantidade de pessoas vulneráveis a contrair e disseminar o vírus.