O coronavírus passou como um furacão pelo Rio Grande do Sul no mês de março. O número de internações e mortes pela infecção dispararam de forma assustadora e deixaram no ar a dúvida sobre os respingos em abril: o pior já passou ou estamos no olho do furacão, onde existe calmaria momentânea? Os sinais dão conta que que passamos a pior parte desta onda provocada pela variante brasileira, mas ainda é necessário muita cautela.
Com as liberações, o fluxo de pessoas começou a aumentar nas ruas e esse é ponto principal para o vírus encontrar pessoas vulneráveis. E por isso as recomendações básicas sobre o uso de máscara e a higienização se tornam mais repetitivas e fundamentais para evitar uma volta ao pico da pandemia que, no Nordeste gaúcho, teve quase 200 óbitos em uma semana.
Os números indicam queda nas mortes, redução na fila de pacientes aguardando leitos de terapia intensiva e redução nas hospitalizações. Ainda assim, todos esses índices estão acima da onda registrada entre novembro e dezembro de 2020. Tanto que, nos primeiros nove dias de abril, já foram registradas 173 mortes. Patamar ainda superior ao de fevereiro, quando os óbitos semanais ficaram abaixo de 50. São fatores que colaboram para que os hospitais ainda se utilizem da cautela.
Nada mostra que o pior já passou. Afinal, a maioria das instituições de saúde está trabalhando acima do limite da capacidade ou, no mínimo, acima de 80%. No Vale dos Vinhedos, o Sistema Tacchini de Saúde, que administra hospitais de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, já viu uma redução no número de pessoas positivadas. Em março, o ápice foi de 40% nos testes. Nas últimas semanas baixou para 0%. No entanto, ainda está longe de uma normalidade.
— Estamos melhores do que antes, mas ainda não entendemos que seja um cenário controlado. Ainda temos um número que passa de 55 pacientes sob cuidados críticos. Estamos fora do que é considerado do nosso ritmo normal, mas, claro, que melhor do que quando estávamos com 72 pacientes em UTI — ressalta Roberta Pozza, diretora da divisão hospitalar.
Os próximos 15 dias serão de grande importância no cuidado de quem precisa estar na rua. Ainda mais com as flexibilizações anunciadas sexta-feira pelo governo do Estado. Só dois dias na última semana foram com registros abaixo de duas dezenas nos óbitos. Para que não se configure um olho de furacão, um momento de tranquilidade aparente, será preciso colaboração conjunta e, principalmente, que se avance na vacinação. A conta é simples: quanto mais pessoas imunizadas, menor o impacto em hospitais e no número de mortes.
NÚMEROS DE MORTES SEMANAIS
:: 15 a 21 de fevereiro: 41 óbitos
:: 22 a 28 de fevereiro: 77 óbitos
:: 1º a 7 de março: 109 óbitos
:: 8 a 14 de março: 187 óbitos
:: 15 a 21 de março: 188 óbitos
:: 22 a 28 de março: 198 óbitos
:: 29 de março a 4 de abril: 146 óbitos
:: 5 a 9 de abril: 117 óbitos