Proprietários e funcionários de escolas associadas ao Sindicato das Instituições de Educação Infantil Particulares de Caxias do Sul (Sinpré) organizaram protestos pedindo a reabertura das instituições, fechadas desde que a bandeira preta entrou em vigor no Estado, no início de março. Diferentemente do mês passado, em que houve carreata, nesta segunda-feira (05) as manifestações ocorreram em cada escolinha, onde os participantes vestiram preto e portaram cartazes, com a mensagem "Lugar de criança é na escola". A pauta também incluía o pedido de vacinação contra a covid-19 para professores.
As 30 funcionárias que atuam nas duas unidades da escola Os Pequenos Brilhantes se reuniram na sede do bairro Madureira. Segundo a proprietária, Viviane Tramontin, a preocupação da categoria extrapola a situação financeira da escolinha, embora já tenha precisado demitir seis empregados desde o ano passado. O objetivo da reabertura também é poder voltar a dar suporte para as famílias, já que muitos pais trabalham na área da saúde, em bancos, supermercados, serviços de transporte e na segurança pública, setores que continuam funcionando, apesar da bandeira preta.
— Muitos pais tiraram férias em março para poder cuidar das crianças e agora acabaram as alternativas, não têm mais folgas, não tem mais horas pra tirar. Eu tive dois cancelamentos de matrícula por causa disso. Uma mãe foi demitida e a outra pediu demissão porque elas não conseguiam mais ninguém com quem deixar os filhos. Muita gente não tem estrutura familiar para ajudar por aqui. Infelizmente, a gente sabe que mulheres com filhos já são mais vulneráveis no mercado de trabalho, e elas estão se sentindo ainda mais visadas com essa situação — destaca Viviane.
A sede do Madureira da Pequenos Brilhantes tem infraestrutura para atender até 100 crianças. Em setembro do ano passado, a retomada das aulas se deu com 20 alunos, número que chegou a 48 em fevereiro — a atividade podia atender com até metade da capacidade. Segundo a proprietária, de 30 funcionários, apenas duas professoras testaram positivo para a covid-19 — uma estava no período de férias e a outra teria pegado da filha, que trabalha na área da saúde.
Mesmo assim, em casos de teste positivo na turma, o protocolo prevê que professora e alunos fiquem afastados por 14 dias. Entre as crianças, não houve casos positivos. Viviane destaca que as medidas de higiene constante das mãos e o uso de álcool gel já era de praxe há anos na escola, devido à H1N1. Com o coronavírus e a necessidade do uso de máscaras e do distanciamento social, os alunos assimilaram bem e respeitaram os protocolos. Segundo Viviane, há turmas com filas de espera por novas vagas.
— Os pais foram se sentindo seguros com os protocolos. E também perceberam que o melhor era a criança voltar a ter o convívio com os colegas da mesma faixa etária, pela questão da ansiedade, da irritação. As crianças estavam emocionalmente abaladas, por não aguentarem mais estar isoladas — ressalta.