A concessão do parque de eventos da Festa da Uva é uma das apostas para o melhor uso das casas da réplica de Caxias do Sul e do retorno do Espetáculo Som & Luz. O modelo da parceria está em avaliação pela prefeitura de Caxias do Sul, mas um dos objetivos é aproveitar o potencial do complexo para atrair público e gerar receita.
Atualmente, nem todas as casas da réplica são ocupadas de forma permanente. Três delas são utilizadas como sede da Secretaria de Turismo e outras abrigam atrações como o Museu da Água e Museu do Comércio. Algumas, que eram utilizadas no passado, como o Bodegão, foram desocupadas em 2017, por solicitação do município.
Um dos projetos que podem ser desenvolvidos por meio da concessão é a criação de mais atividades permanentes, que levem visitantes ao parque e sirvam como fonte de receita para o investidor privado. Para o secretário de Turismo, Ênio Martins, o setor gastronômico poderia aproveitar os espaços. Mas, para isso, é preciso garantir que haja público.
— As casas somariam se tivéssemos algo vinculado à nossa gastronomia. Acredito que durante eventos fossem mais aproveitados. Mas que também fosse aberto à comunidade. Poderia ter uma casa da polenta, uma casa do sagu. Ali tem toda uma história a ser contada e o turista quer ouvir isso — argumenta.
Com a melhor utilização do espaço, a tendência é de retorno do Espetáculo Som & Luz, que ocorria junto à réplica e está suspenso desde 2018. Bruno Brunelli, presidente da Festa da Uva S.A., responsável pela administração do complexo, também acredita no potencial do espaço. No entendimento dele, esse é um projeto a ser incluído na concessão, mas também trabalhado pela própria empresa, caso a parceria demore mais tempo do que o previsto para se concretizar.
— A réplica é ponto de atração turística não só do parque, mas do município. Antes da pandemia tentamos fazer a ocupação do espaço para que seja atrativo aos visitantes. Quanto mais gente tiver dentro da réplica, menor é o investimento da empresa na manutenção. Fazendo a concessão, acredito que tudo vá funcionar. Mas, enquanto não resolver a pandemia, o foco é a manutenção e a sobrevivência da empresa — projeta.
Para que o espaço dê o resultado esperado, é fundamental que ele esteja em boas condições. Por isso, a Festa da Uva S.A. prevê investir R$ 130 mil nos próximos quatro anos na manutenção das casas. O valor está previsto no Plano Plurianual, que será discutido pela Câmara de Vereadores.
— O fato de ter a pretensão da concessão, não libera o município de realizar um investimento mínimo. Se a concessão sair antes, o parceiro faz. Mas se a intenção é oferecer à iniciativa privada, não podemos entregar um espaço precário — explica Maurício Batista, secretário de Gestão, Finanças e Parcerias Estratégicas, responsável pelos projetos de parcerias público-privadas (PPPs).
Segundo o secretário, atualmente o município trabalha na pré-viabilidade da parceria, para definir o melhor modelo. Uma das pendências é definir o nível de investimento necessário para transformar o complexo em um Centro de Convenções e Eventos, já que não existem projetos prontos. Para chegar a esse resultado, as alternativas em estudo são pedir auxílio da iniciativa privada ou do Ministério da Economia, que mantém o Programa de Parcerias para Investimentos (PPI). A intenção é que o detentor da concessão invista e mantenha os pavilhões em troca da receita obtida com os eventos e aluguéis.
Cidade de Rolhas está fechada
Outra atração dos pavilhões, a Cidade de Rolhas, também está suspensa. Inaugurada em 2016 com esculturas de rolha que antes ficam expostas em Ana Rech, a exposição depende de equipes que atendam os visitantes, segundo Ênio Martins.
— São objetos pequenos, que precisam de cuidado. Não adianta ter visitação se não tiver estrutura funcional — defende.
Brunelli acredita que a concessão também possa reativar o espaço, mas o secretário Maurício Batista é mais cauteloso. Segundo ele, antes é preciso avaliar se há potencial como atração turística.
— É preciso avaliar se os ativos são adequados. Não adianta ser um atrativo cultural que não atrai ninguém — pondera.