Para que uma das principais atrações da Festa da Uva, o espetáculo Som e Luz, ocorra na próxima edição do evento, em fevereiro no ano que vem, é preciso que um investidor abrace a iniciativa. Isso porque, segundo a Comissão da Festa da Uva, será preciso fazer uma reforma geral na estrutura física e adquirir novos equipamentos. Por enquanto, não há verba para isso.
Sem apontar valores – o montante necessário ainda não foi orçado –, a comissão diz que para a próxima Festa, há um projeto que será apresentado aos patrocinadores para que eles assumam o espetáculo, incluindo a recuperação do espaço e aquisição de materiais danificados pela ação do tempo, já que ficam expostos ao sol, à chuva e a outros efeitos climáticos.
As cabines de comando, junto às arquibancadas, são cobertas, mas é possível ver que parte do forro caiu. Apesar do aspecto de abandono do lugar, não são percebidos outros sinais de depredação, por exemplo. As peças onde ficam o depósito, bilheterias e cabines ficam fechadas.
– Tem de refazer tudo do zero. Reforma em toda a área, iluminação, som... Todo o material está sucateado. O que não tiver de adquirir, tem de desinstalar, repintar e instalar de novo – comenta Luciano Pereira, diretor financeiro da Festa.
Já o diretor de Infraestrutura da Festa da Uva S.A., Milton Tadei, afirma que os equipamentos estão todos no parque e precisam de uma revisão.
– Os equipamentos ficam em uma área externa. Não é que estejam pifados, mas como nosso clima é complicado, para colocá-los para funcionar, tem de descer (retirar) essa aparelhagem, verificar pontas de cabos para ver se não tem nada oxidado, enferrujado, antes de ligar novamente – explica Tadei.
Na tarde da última segunda-feira, uma equipe da prefeitura fez um inventário no espaço do Som e Luz. A medida é praxe e ocorre anualmente para verificar se não há nenhum material faltando no patrimônio do município. Segundo a Secretaria de Turismo, estava tudo lá. Por questão de segurança, alguns itens como microfones e equipamento de som são guardados em outro local.
Mais do que garantir que os visitantes da Festa da Uva de 2019 possam assistir ao Som e Luz, a ideia da comissão organizadora é entregar o evento à iniciativa privada para que explore o serviço a longo prazo, mantendo apresentações durante o ano inteiro.
– Nossa proposta é que assumam (investidores) o Som e Luz o ano todo, como atrativo para Caxias e como forma de se rentabilizar e pagar o investimento – reforça Pereira.
A secretária de Turismo, Renata Aquino Carraro, confirma que está sendo feito um estudo nesse sentido. Segundo ela, depois de formatada uma proposta, ela passará pela análise da Procuradoria Jurídica do município para ver a viabilidade. Como os pavilhões pertencem à Festa da Uva S.A., cuja maior parte do capital pertence ao município, para que um contrato desse tipo seja celebrado é preciso que haja aprovação de uma parceria público privada. E esse processo não costuma ser simples. Além disso, em tese, seria preciso fazer uma licitação para a escolha da empresa que exploraria o serviço. Só para esse processo são, no mínimo, 90 dias. A não ser que haja dispensa de licitação.
A história da colonização
Atração tradicional da Festa desde 1995, o espetáculo Som e Luz não foi realizado em 2010, porque precisava ser reestruturado. O show voltou a ocorrer a partir da edição seguinte, em 2012.
Mesmo tendo ganhado roupagens diferentes de uma edição para outra, a ideia sempre foi mostrar ao público a saga da imigração e da colonização da cidade, ambientando os espectadores por meio de jogos de luzes e de som no cenário das réplicas de Caxias de 1885.
Depois de 2012, as apresentações ocorriam mesmo sob chuva nas arquibancadas cobertas, que têm capacidade para 350 pessoas.
Em 2014, o show teve a participação de atores. Já em 2016, as atrações voltaram a ser as narrações, a iluminação e os efeitos sonoros. Eram, em média, 16 apresentações com 40 minutos cada durante a Festa, sempre à noite.
Aparelhagem custou mais de R$ 270 mil
Os equipamentos que viabilizaram a remodelação do Som e Luz foram adquiridos em 2012 pelo município por meio de licitação e incluíam "fornecimento, garantia e assistência técnica de equipamentos de áudio, vídeo, iluminação e informática para o espetáculo" e atendia "às necessidades da Secretaria de Turismo". O recurso foi de uma emenda parlamentar do então deputado Gilberto Pepe Vargas (PT), com contrapartida do município.
Dos cinco lotes, quatro tiveram vencedores, num total de investimento de mais de R$ 275,5 mil em aparelhagem. Quatro empresas participaram do processo e cada uma venceu um lote. Entre os itens adquiridos estavam projetor, aparelho de DVD, 10 caixas de som, quatro máquinas de fumaça, refletores e microfones.
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