CORREÇÃO: a quantidade de funerais em Caxias do Sul aumentou 109% em março deste ano na comparação com o mesmo mês de anos anteriores, e não 145%. A informação incorreta permaneceu publicada das 15h27min do dia 26/03/2021 até 20h12min do dia 28/03/2021.
Os dados sobre avanço de casos positivos para covid-19, somados aos números alarmantes de internações hospitalares, apresentam reflexos nos serviços funerários de Caxias do Sul. Segundo os registros do Grupo L. Formolo - empresa que opera as atividades na cidade - este mês concentra 419 mortes, contra uma média de 200 nos meses de março calculadas nos últimos cinco anos. A quantidade representa um aumento de 109% em funerais.
Segundo o diretor comercial do grupo, Mateus Formolo, dos 419 óbitos, 179 foram casos confirmados ou suspeitos de covid-19. Neste caso, são 43% relacionados ao coronavírus.
— Se seguirmos nesse ritmo, os números indicam que faríamos mais 80 funerais até o final deste mês (o mês de março se encerra em menos de uma semana). Temos em torno de 16 óbitos por dia — diz.
Conforme ele, desde o início da pandemia foram traçados todos os cenários com relação à pandemia. E garante que o grupo está preparado para atender as demandas mais críticas que possam vir a surgir.
- Imaginamos que não vá acontecer, mas se viermos a ter uma sobrecarga de serviços funerários, temos um planejamento feito em termos de logística.
Formolo também ressalta que a falta de produtos no mercado, como caixões, é o fator de maior preocupação de todas as funerárias do país no momento. As fábricas de urnas tem capacidade produtiva, conforme o diretor. No entanto, o problema passa a ser outro.
- As fábricas tem se queixado da falta de matéria prima para a fabricação. Estamos planejados, mas não descartamos que ocorra algum problema em decorrência de terceiros - alerta.
Paralelo aos funerais, os registros de óbitos cresceram 55,9% em relação à média histórica - de março de 2020 a fevereiro de 2021. O agravamento da pandemia fez de fevereiro deste ano o mês mais mortal, com um total de 303 óbitos registrados pelos cartórios no período. Na comparação com fevereiro de 2020, o crescimento foi de 22,67%. O balanço total de março ainda será concluído pelos dois cartórios que atuam com registros de óbito em Caxias.
Média de aumento de 40% em outras cidades da Serra
De acordo com o delegado do Sindicato dos Estabelecimentos Funerários do Rio Grande do Sul (Sesf-RS) na Serra, Jaimes Britto, o aumento de funerais é significativo nos municípios que atende. Britto, que é proprietário da funerária Grings - com sede em Nova Petrópolis -, presta serviços a nove cidades da região. Ele afirma que a cada 10 mortes registradas em março do ano passado, uma era de coronavírus. Neste mês, a proporção é de quatro.
— Existe o medo de colapso, mas acredito que isso não irá ocorrer porque estamos preparados— afirma.
Além disso, há o desafio de arcar com custos mais elevados sobre os produtos necessários aos serviços essenciais para sepultamentos. Segundo Britto, o valor de urnas e materiais de laboratório subiu cerca de 20% a 30%.
— Para se ter uma ideia, há anos uma caixa de luva custava R$ 20. Hoje a mesma caixa custa R$ 150 — afirma.