— Isolamento social não é mais uma opção, mas uma necessidade — declarou o diretor do Complexo Hospitalar da Unimed de Caxias do Sul, Vinícius Lain, após notícia da prorrogação da classificação de bandeira preta para todo o Estado, confirmada nesta quinta-feira (4). Segundo Lain, a ocupação no hospital atualmente é de 115%, ou seja, 15% acima da capacidade máxima de internações gerais. Nas UTIs, a ocupação está em 97%, prestes a atingir o esgotamento. São 109 pacientes internados por covid-19 no hospital, nove a mais do que na quarta-feira (3).
— Ainda não conseguimos sentir os efeitos da bandeira preta porque a procura só tem aumentado nestes últimos dias, estamos apagando incêndio todos os dias, por isso, consideramos que o isolamento social não seja mais uma opção, mas uma necessidade, em uma aposta de que esta situação, pelo menos, se estabilize — afirma o diretor.
A situação não é muito diferente no Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul, que também atende pacientes de toda a região e está com ocupação de leitos em UTI na marca dos 100%.
— A situação é crítica — resume o diretor técnico, Alexande Avino.
Diante do cenário crítico enfrentado por ele e por todos os profissionais da Saúde neste momento, Avino permite-se expressar uma opinião pessoal:
— Não sabemos nem se a bandeira preta resolve, porque as pessoas continuam circulando e infelizmente, não existe obediência civil sem a imposição da obrigatoriedade. A sociedade teve um ano para se adaptar e não se adaptou; a situação não foi levada a sério. Acredito que seria necessário lockdown, com força armada, para que as pessoas obedeçam como cidadãs — defende Avino.
Em Bento Gonçalves, o Hospital Tacchini também enfrenta um momento crítico, com aumento de ocupação mesmo após a adoção da bandeira preta. Conforme a diretora técnica Nicole Golin, uma piora de cenário deve continuar sendo registrada, pelo menos, por um mês, considerando-se o volume de internações diárias:
— Imaginamos ainda de quatro a cinco semanas vivendo esse contexto, de muitas entradas de pacientes, apresentando um perfil de agravamentos mais rápidos, e uma faixa etária menor se comparada à momentos anteriores de aumento de casos vivenciados em 2020 — comenta.