Ao longo do último ano, a espera em filas deixou de ser um desconforto para se tornar também um motivo de preocupação com o contágio do coronavírus. Mesmo as que ficam em áreas externas podem gerar risco de contaminação, dizem especialistas. No entanto, elas continuam a ocorrer para o acesso a serviços, como bancos e lotéricas. Além disso, a própria fiscalização de Caxias do Sul admite que existe dificuldade em fazer com que os protocolos sanitários sejam cumpridos nesses casos.
Sob a bandeira preta, lotéricas e bancos sequer podem receber clientes sem agendamento prévio. O modelo de distanciamento controlado do Estado define que o atendimento tem que ocorrer de forma individual nesses espaços. Quando existe a formação de fila, a distância entre os clientes deve ser de dois metros e a calçada sinalizada com a posição a ser ocupada por cada pessoa. No entanto, o diretor da fiscalização em Caxias, Rodrigo Lazzarotto, pondera que a ação dos agentes nesses casos é difícil:
— A legislação fala em atendimento por agendamento, mas me diz como um senhor idoso que mora em um bairro distante e muitas vezes não tem celular, não sabe usar a tecnologia, vai fazer para receber seu dinheiro, para pagar sua conta? Vai ligar para agendar? Ele não faz nem ideia que o decreto prevê isso. Essas pessoas se deslocam, vão até a área central, ficam em filas. A fila exige um distanciamento e isso geralmente ocorre. Mas a gente não tem como exigir que as pessoas façam agendamento para ser atendido em uma lotérica.
Outra medida exigida em espaços públicos é o uso de máscaras, mas ainda é comum ver o descumprimento da regra ou o uso inadequado desta proteção. A infectologista Viviane Buffon ensina que cada norma desrespeitada aumenta o risco de contágio:
— As máscaras, quando usadas corretamente, conferem um nível de proteção conforme o seu tecido, mas nenhuma tem a capacidade de filtrar 100% a entrada dos vírus, especialmente quando em forma de aerossol, que são partículas menores do que as gotículas.
A infectologista Giorgia Torresini explica que a principal forma de transmissão pelo coronavírus é por meio das gotículas, que quando projetadas ao ambiente por uma pessoa infectada têm alcance aproximado de 1,5 metro:
— O distanciamento físico é uma medida de proteção, pois o alcance das gotículas geralmente não ultrapassa dois metros. Porém, temos impulsos diferentes em atividades diárias. Por exemplo, no ato de falar, o alcance das partículas é diferente do ato de gargalhar ou da respiração ofegante. Essas condições geram impulsos que projetam as gotículas mais distantes.
Os infectados também podem gerar aerossóis, que são partículas menores e mais leves que as gotículas e que têm capacidade de serem levadas pelo ar. Segundo Giorgia, eles são eliminados mais em algumas manobras respiratórias comuns ao ambiente hospitalar, como entubação, aspiração das vias aéreas, uso de nebulização.
A contaminação pelo coronavírus pode ocorrer ainda por meio do toque em superfícies contaminadas. Quem toca em um objeto contaminado e leva a mão aos olhos, nariz e boca sem antes fazer a higienização está suscetível ao vírus. Por isso, também é preciso manter o uso do álcool gel ou da lavagem das mãos com água e sabão.
Cuidados para evitar a covid-19
- Manter o distanciamento de pelo menos 1,5 metro de outras pessoas.
- Não baixar a máscara para fumar ou se alimentar.
- Usar a máscara de forma correta, bem vedada, cobrindo a boca e o nariz. Quando houver aumento de secreção nas vias respiratórias, a orientação é usar máscara cirúrgica. Para aumentar a proteção, também é possível usar a cirúrgica e a de pano juntas.
- Não circular em ambientes coletivos se estiver doente.
- Higienizar as mãos se tocar em locais de comum acesso.
Fontes: infectologistas Giorgia Torresini e Viviane Buffon