A classificação em bandeira preta na Macrorregião de Caxias do Sul, anunciada em 19 de fevereiro pela primeira vez, intensifica o trabalho dos fiscais que atuam contra aglomerações em espaços públicos na cidade. Prestes a entrar na quarta semana de mesma classificação, casos de descumprimento ainda são realidade. Segundo o diretor de Fiscalização da Secretaria de Urbanismo, Rodrigo Lazzarotto, o período mais crítico da pandemia registrou cerca de 4 mil denúncias. O número é considerado alto, mas houve avanços. Lazzarotto, em entrevista à rádio Gaúcha Serra na manhã deste sábado (13), afirmou que a mudança de classificação fez com as situações de irregularidades em estabelecimentos reduzissem:
— É perceptível que estão cumprindo mais os decretos, talvez porque tenham percebido que o momento é mais intenso (do contágio por coronavírus). Quatro equipes diárias atuam nos estabelecimentos e à noite temos as megaoperações, às vezes também à tarde, com as forças de segurança para focar nas aglomerações em loteamentos, mas esses casos não ocorrem desde o início da bandeira preta — afirmou.
Para conseguir flagrar situações de descumprimentos, fiscais têm apostado em ações diferenciadas, como ir ao local em viaturas discretas para não sinalizar a chegada. Isso tem acontecido com frequência em lojas centrais de Caxias. Casos mais comuns são de portas entreabertas para manipular a entrada silenciosa da clientela.
— Tivemos uma situação atípica em um mercado que já levou multa máxima. O proprietário foi encaminhado à delegacia e meia hora depois estava descumprindo novamente. Esse é o caso mais persistente que vimos e que nos causou até espanto, é uma afronta ao trabalho da fiscalização — disse.
Quanto às aglomerações na Praça Dante Alighieri, com registros frequentes de pessoas sentadas nos bancos, Lazzarotto afirma que há uma parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (SEMMA) para que os bancos comecem a ser retirados do local. Neste sábado (13) ainda era possível visualizar os bancos normalmente, mas segundo Lazzarotto, parte deles foi retirada com os encostos mantidos. Na segunda-feira (15), todos deverão ter parte da estrutura retirada.
Ofensas e denúncias falsas
Além de precisarem realizar operações para garantir que aglomerações não aumentem ainda mais os casos de covid-19, os fiscais precisam enfrentar xingamentos e perdem tempo indo a locais cuja denúncia se mostra enganosa.
— As ofensas são inúmeras e recebemos diariamente e dos dois lados. Recebemos ofensas por fechar e também por não fiscalizar. Recebemos denúncias falsas e depois ainda retornam usando termos como 'otários' — conta.
Confira a entrevista na íntegra: