Uma ação inédita chamou a atenção dos pacientes, acompanhantes e profissionais do Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul. Nos três turnos e em diversos horários da quarta (24) e quinta-feira (25), dois músicos voluntários se apresentaram sob uma plataforma de elevação no estacionamento, que ia se deslocando aos poucos ao redor da instituição de saúde. A iniciativa foi denominada Música e Esperança no Ar.
Com apoio da Deitec Comércio e Locação, que disponibilizou a plataforma de elevação, Paulo Oliveira, 42 anos, e William Müller Solf, 16, emocionaram o público, que acompanhou as músicas das janelas dos quartos e das salas de trabalho cantando junto e aplaudindo.
Paulo é músico voluntário e já atua com um projeto que leva música aos corredores de hospitais da cidade. Ele acredita que as melodias renovam as esperanças e podem, muitas vezes, impulsionar a cura dos pacientes.
— Já presenciamos em uma visita, em que tocamos para um paciente e ele teve alta no mesmo dia. A gente vê os rostos angustiados das pessoas, com medo, e quando a gente começa a tocar, eles começam a sorrir pra gente, abanar, fazer sinal de força. Como a gente não consegue chegar perto com uma palavra, a música fala por si só e faz a diferença nesse momento para a vida das pessoas — relata Paulo, que também é professor de música.
Para ele, a ação foi inovadora e bem importante para que todos, até mesmo pacientes das alas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e do Hospital de Campanha pudessem usufruir do momento.
— As pessoas que estavam dentro dos quartos puderam se sentir valorizadas. Não é por causa de uma bandeira preta que nós vamos deixar de atende-los. Para o pessoal saber que tem gente aqui fora empenhada em ajudar eles, mesmo que em um guindaste, não deixamos de atendê-los. Quando a gente chegou na altura da UTI e do Hospital de Campanha, podia ver os pacientes que estavam acordados e as enfermeiras abrindo as janelas fazendo sinal para nós abanarmos para eles. Coisa que se tu fazes dentro do hospital, às vezes tu não consegues entrar na UTI. Por fora, o pessoal pôde ver e escutar e a gente pôde dar uma palavra de força ali pela janela mesmo — conta o voluntário.
O jovem William, estudante do segundo ano do Ensino Médio, também participou da ação e definiu a experiência como única:
— É muito legal saber que a gente pode alegrar o dia dessas pessoas que estão há muito tempo trancadas, sem contato com os outros. Durante a apresentação muitas pessoas cantaram junto, foi algo que alegrou muito o dia delas — afirma.
A enfermeira Silvia Steffens, 37, que atua na linha de frente do combate à covid-19, salienta que ações como essas ajudam a fortalecer até mesmo para os profissionais da saúde que estão sempre na correria de salvar e cuidar das vidas:
— Como a gente não consegue, às vezes, parar para apreciar como gostaria, a música emociona, ela faz a gente desligar um pouco daquela adrenalina de estar sempre correndo, atento e te causa um relaxamento — pontua.