
O homem acusado de agredir até a morte o aposentado Linton Ferreira, 46 anos, foi condenado a um ano, um mês e 27 dias de prisão em sessão do Tribunal do Júri que encerrou na noite de quarta-feira (14). Ismael Vezner dos Santos, que estava preso preventivamente desde a época do crime, foi solto ainda em plenário.
O homem era acusado pelo Ministério Público (MP) por homicídio qualificado, com meio cruel. Em depoimento, ele confessou as agressões, mas os advogados sustentaram a tese de legítima defesa.
— Na verdade, ele foi como réu confesso, não negou a prática do crime. Como defesa não pedimos a absolvição, mas sim a condenação com o reconhecimento da legítima defesa e excesso culposo, sem dolo — afirmou André Carús, que atuou na defesa com os advogados Ariel Leite e Ariel Cardoso.
A promotora Lúcia Helena Callegari afirma que vai recorrer da decisão, pois existem vídeos e depoimentos que indicam que a vítima foi agredida por cerca de 10 minutos.
Relembre o caso
Conforme a acusação, o crime ocorreu na madrugada do dia 4 de junho de 2022, em um local onde tradicionalmente há circulação de pessoas nos arredores de festas e bares aos finais de semana.
Morador de Canoas, Linton tinha esquizofrenia e sofria com convulsões. Na noite anterior ao crime, ele teve dois episódios de convulsões em casa. Ainda confuso, embarcou em um ônibus até o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, onde foi orientado a buscar outro local.
Nesse meio tempo, passou pela Rua João Telles, onde a briga ocorreu. Segundo a denúncia do Ministério Público, a agressão começou porque Linton disse as expressões "capeta" e "diabo", o que desagradou Santos, que começou a agredi-lo. O crime foi gravado por dezenas de pessoas que estavam na rua.
Durante as agressões, Linton recebeu chutes na cabeça e teve parte da orelha arrancada.
No processo, a defesa do réu pediu um incidente de insanidade mental, que demonstrou que ele tinha condições de entender os crimes cometidos. A defesa também solicitou a desclassificação do crime, para lesão corporal seguida de morte.
Em depoimento, Santos confirmou que houve uma briga entre os dois, mas negou que tinha intenção de matar a vítima. Também disse que estava bebendo vodca pura e que não sabia que tinha provocado a morte da vítima.