Casais, adultos com com crianças, por vezes, três a quatro pessoas do mesmo grupo entrando e circulando tranquilamente dentro dos supermercados em Caxias do Sul. No momento em que a cidade registra dois dias seguidos com taxa de ocupação de leitos de UTI adulta acima dos 90%, este foi o cenário que a reportagem encontrou em quatro de seis estabelecimentos visitados na área central da cidade e nos bairros entre 10h e meio-dia desta quarta-feira (24).
As regras para o funcionamento do comércio de alimentos, que foram as da bandeira laranja por cinco semanas consecutivas, endureceram com a vigência da bandeira preta desde a última terça-feira. Mas, o sistema de cogestão permite ao município adotar os protocolos da bandeira vermelha, ou seja, com redução no público, que vinha sendo de 75% para 50% no setor. Esse índice se refere à capacidade conforme previsto no Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI). Na prática, é permitido uma pessoa com máscara para cada seis metros quadrados de área de circulação, incluindo clientes e trabalhadores. Quanto a isso, o movimento de clientes estava tranquilo nesta manhã. Os usuários estavam espaçados nos corredores, não havia longas filas nos caixas e, mesmo no setor de hortifrutigranjeiros, que costuma gerar mais aglomerações, não havia acúmulo de pessoas.
Outra regra que passou a vigorar nos últimos dias é a do fechamento dos estabelecimentos às 20h, conforme a restrição de atividades determinada pelo governo estadual. Nesse aspecto, os gerentes dos mercados visitados dizem que não estão enfrentando problemas. As pessoas que ingressarem nos locais até as 20h podem ter o atendimento concluído até as 21h. E os clientes estão respeitando o horário limite.
O problema é realmente quando se trata da regra que estabelece o acesso de apenas uma pessoa por família. Os gerentes dizem que o número de pessoas por grupo familiar diminuiu nos últimos dias, mas admitem que é praticamente impossível fazer esse controle.
– A gente tenta, mas é difícil. Se pedimos para a outra pessoa aguardar (no lado de fora), ela vem depois e entra. O pessoal não respeita. Demarcamos os espaços e não adianta, o povo vai se amontoando. Tem gente que fica brava, se irrita – relatou um gerente.
– É difícil o pessoal entender. A nossa ideia é orientar, mas se eles olharem um para o outro e disserem que não estão juntos, não tem como a gente afirmar. Vai do bom senso. A orientação é instruir, não impor nada – disse outro gerente.
Em três mercados, não havia funcionários na entrada controlando o acesso no momento em que a reportagem esteve no local. Em geral, os gerentes admitiram a ausência e declararam que não estão impedindo a entrada quando os clientes chegam em mais de uma pessoa. Um deles informou que a abordagem era feita na outra entrada, não na que é normalmente usada para acessar o interior da loja.
– É, não está barrando – admitiu o gerente, se referindo ao funcionário que estava na porta.
A reportagem tentou ouvir clientes que estavam em grupos de familiares mas, ao serem abordados, eles não quiseram dar entrevistas. Alguns se limitaram apenas a dizer que "não tinham com quem deixar as crianças". A gerência de um dos mercados também referiu essa situação:
– Percebemos muito a questão da criança, que eles não têm com quem deixar. Mas as pessoas entram, pegam o que precisam e saem. Não ficam circulando. Nisso, estão mais conscientes de um tempo para cá.
A prefeitura disse que iria intensificar a fiscalização para esses casos de entrada de grupos em mercados. A multa para os estabelecimentos que não controlarem o acesso é de cerca de R$ 1,8 mil.