O fim de semana foi de incertezas para a maioria das famílias que têm filhos matriculados em escolas particulares em Caxias do Sul. O anúncio da pré-classificação da região em bandeira preta no contágio por coronavírus acendeu o alerta sobre o cenário preocupante e, mais do que isso, fez com que o governo do Estado suspendesse as aulas presenciais nas 11 regiões que obtiveram a classificação.
Como a confirmação da bandeira definitiva acontecerá na tarde desta segunda-feira (22), o dia é de presença de alunos em muitas escolas, mesmo que em menor quantidade.
— Ainda bem que a escola estava aberta hoje! Iremos trabalhar, esperar alguma notícia e restabelecer uma nova dinâmica dentro de casa. Se for necessário, faremos um revezamento, minha esposa e eu. Estamos trabalhando com uma mudança que será de um dia para o outro. Por outro lado, já esperávamos há um bom tempo que essa bandeira chegasse — disse o administrador Flávio Wottrich, 42, que deixava o filho de sete anos na escola Caminho do Saber por volta das 7h.
A criança frequentava encontros presenciais diariamente desde janeiro em um programa de férias ofertado pela rede de ensino. Em fevereiro, emendou as idas diárias com a volta às aulas. A escola Caminho do Saber é a única que recebe os alunos todos os dias presencialmente. As outras fazem os encontros escalonados por turmas.
Mesmo com a incerteza, a diretora da Caminho do Saber considera que foram poucos alunos que desistiram do formato presencial nesta segunda-feira. Conforme Maristela Chiappin, em torno de 10 famílias não enviaram seus filhos.
Ao chegar à escola por volta das 7h15min, o aluno William Marafon, 14, afirmou que prefere aulas presenciais.
— Espero a confirmação, mas nosso grupo (de Whatsapp) estava gostando muito do presencial. No ano passado foi difícil (com aulas online). Sabemos que pode fechar a qualquer momento (a escola), estamos esperando o que fazer — contou.
Mãe de um aluno de sete anos que estuda turno integral, a contadora Sandra Romas, 43, planeja contratar uma pessoa que a ajude com o filho em casa.
— Vai ser o caos de novo. Hoje em dia não tem muitas pessoas disponíveis para cuidar de crianças. Não tenho como parar (o trabalho). Hoje é um dia de preocupação. Ano passado tive que deixar com um parente que não mora perto e ele não conseguiu participar muito das aulas virtuais — disse.
No Colégio La Salle Carmo, os alunos haviam voltado às salas de aula na semana passada. A escola estava organizando a demanda dos pais para aulas presenciais todos dos dias quando a direção foi surpreendida com a possibilidade de ter que voltar 100% às aulas virtuais. No Carmo, desde a creche até o 2º ano, as crianças podiam ir todos os dias neste ano, mas ajustes estavam sendo efetuados para que a possibilidade pudesse ser ampliada até o 4º ano. O diretor Irmão Roberto Carlos Ramos afirma que a adesão nesta segunda-feira caiu em 50% se comparado à semana passada.
— Na semana passada as salas estavam lotadas dentro do limite permitido. Hoje tem poucos alunos. Iremos aguardar até o final da tarde para esperar que o governo oficialize — diz.
O Colégio Murialdo iria voltar às aulas presenciais nesta segunda-feira. Após o anúncio, no entanto, a direção optou por fazer as aulas de forma virtual. O Colégio liberou às 18h de domingo orientações para os estudantes por meio de plataforma virtual.
Caso a região fique em bandeira vermelha, as aulas serão retomadas como anteriormente.
Educação Infantil como prioridade
A orientação do Sindicato das Instituições Pré-Escolares Particulares de Caxias do Sul (Sinpré) é de ter aulas presenciais nesta segunda-feira, mas seguir novas determinações conforme o anúncio do governo do Estado, aguardado para a tarde. A presidente do Sinpré, Bruna Volpato, entende que com bandeira preta deve acontecer o fechamento total, mas ressalta que o sindicato está reivindicando que o setor de Educação Infantil seja considerado serviço essencial.
— O índice de contaminação dentro das escolas é praticamente zero. Se não pudermos abrir, lutaremos para manter abertas independente de bandeiras. O pedido foi efetuado desde sexta-feira para o governo do Estado e prefeitura. Encaminhamos ofícios para diversos órgãos. Os pais não têm onde deixar seus filhos, é uma necessidade, a maioria das famílias segue trabalhando. As escolas estão preparadas! — garante.