Quatro colégios da rede privada voltam nesta segunda-feira (15) às aulas presenciais em Caxias do Sul. Uma delas é o São José, que tem 55 salas totalmente equipadas com câmeras e notebooks, que permitem a transmissão das atividades presenciais aos que estão em casa. O vice-diretor Jorge de Godoy afirma que 80% dos 1,8 mil alunos inscritos nos ensinos Infantil, Fundamental e Médio retornaram nesta segunda-feira. Estudantes do Madre Imilda, São Carlos e Raio de Luz também retomam as atividades no decorrer desta segunda-feira.
Haverá duas turmas no São José: a de número par e a de número ímpar, conforme a lista de chamada. Um grupo irá à escola nas segundas, quartas e sextas e o outro, nas terças e quintas. A cada semana, invertem-se os grupos. Da Educação Infantil até o 5º ano está liberada a presença todos os dias da semana. Já a partir do 6º ano, existem as turmas que cumprem a escalonamento.
— Esse dia está sendo extremamente prazeroso. A intensidade e a vibração dos estudantes que chegaram é algo que nos gratifica. Ficou muito claro que termos mais de 80% de alunos presentes no Carnaval demonstra que estamos no caminho certo. Nós nos reorganizamos e redimensionamos os espaços físicos. Vamos respeitar as culturas das famílias, alguns têm pessoas com comorbidades em casa e, por isso, há o ensino híbrido para estes —diz Godoy.
Um dos alunos que passou 2020 com estudos em casa e voltou à escola nesta segunda-feira é Caetano Nora Konig, 17 anos. Ele está no 3º ano e não se adaptou ao ensino a distância.
— Estava ansioso e não via a hora de voltar. O ano passado foi de aprendizado, mas faltou a escola. Para mim, em casa não é a mesma coisa. Foi bem difícil, sem comparação com o presencial — conta Caetano, que mesmo tendo pai e irmã na área da medicina, ainda não definiu seu futuro profissional.
No 2º ano e também ansiosa para voltar para a sala de aula, a estudante Sara Elisa Todeschini, 15, conta que optou por voltar este ano por sentir falta do aprendizado mais focado.
—Senti dificuldade (em casa). Eu até tirava as dúvidas, mas sei que muitos não por conta da vergonha. No ano passado achei que não valia a pena voltar, mas nesse ano achei que precisava. Em casa tem celular, quarto, cama. Aqui só a sala de aula — diz.
O retorno também movimenta o corpo docente. A professora de português Rosana Monteiro, 57, ministrava uma turma de 3º ano com parte na sala e outra em casa, por volta das 9h desta segunda-feira. Os professores falam tanto para os alunos dentro das salas de aula quanto para as câmeras com transmissão online.
— Me sinto tranquila nesse aspecto. O ensino híbrido vem para ficar, não vai ser uma situação que é de momento pela pandemia. Acredito que a nossa gurizada está tranquila, são uma geração diferente se formos comparar com a nossa. Por isso, aprendemos junto com eles. A escola está nos dando todo o suporte — relata.
Ajustes para escalonamento de retorno
O primeiro dia de aula foi também de presença de pais na secretaria da escola. Isso porque as definições dos grupos que obedecem as escalas presenciais precisou de ajustes. A mãe Viviana Snovarski, 50, tem dois filhos na escola, um de 13 e uma de 17 anos.
— Pedi para trocar para facilitar trazê-los nos mesmos dias. Hoje veio só ele e amanhã viria ela. Agora, como os dois serão da turma de número par, poderei trazer no mesmo dia — explica.
Também aguardando atendimento na secretaria estavam Henrique Balen Daniel, 16, e a mãe, Claudia Balen Daniel, 50. Ela foi com o filho para verificar se a matrícula estava realizada, já que a efetuou quando estava na praia. Henrique estudava no Cetec em 2020, junto com o irmão gêmeo. Enquanto o irmão preferiu ficar na outra escola, ele quis ingressar no São José.
— Ano passado fiquei em aulas remotas, enquanto que em outros lugares as pessoas já estavam se enturmando. A interação aqui é maior. Eu não gosto de online, presencial ajuda a focar e não tem outras distrações de casa — conta.
No Cetec, as aulas foram apenas a distância no ano passado. Segundo a instituição, a escola fez essa opção após uma pesquisa com os pais e por conta da segurança da comunidade escolar. Já neste ano haverá revezamento em aulas híbridas para alunos ensinos Médio e Técnico, a partir de 1º de março.
Pais querem retorno diário
Segundo Godoy, como é preciso respeitar o regramento de 1m50cm de distância entre os estudantes, a escola precisou remanejar espaços. Caso a metragem exigida fosse menor, haveria possibilidade de acolher mais alunos na mesma sala. As liberações quanto às normas sanitárias são efetuadas pelo governo do Estado. Caso a região de Caxias do Sul seja colocada, por exemplo, em bandeira vermelha, nenhum aluno poderá participar dos encontros presenciais.
— Os pais querem presencial porque já voltaram à rotina de trabalho. Gostaríamos de fazer, mas dependemos dos decretos — afirma.
No La Salle Carmo, há até um abaixo-assinado que solicita a inclusão de mais crianças nas aulas presenciais. Um grupo de 350 pais cobra que pelo menos as séries iniciais estejam nas salas de aula todos os dias. Um dos abaixo-assinados online é para a escola e o outro voltado à prefeitura de Caxias do Sul e ao Estado.
Datas de início em outras escolas
No Carmo, as aulas serão retomadas na quarta-feira (16), assim como no La Salle Caxias. O calendário sugerido pelo Sindicato do Ensino Privado (Sinepe), que representa escolas particulares do município, sugere o retorno no dia 22 de fevereiro, mas cada instituição tem autonomia para definir a data, desde que cumpridos os 200 dias letivos previstos em lei.
Além do São José, o Colégio Madre Imilda também recomeçou as aulas nesta segunda-feira, mas a direção não quis comentar sobre o retorno para a reportagem. Na escola Raio de Luz, que atende a cerca de 240 alunos dos ensinos Infantil e Fundamental, cerca de 50% optou por ficar em casa. Em princípio, não há escalonamento de turmas no formato presencial. No Colégio São Carlos, o retorno também é nesta segunda-feira, em formato híbrido.
Na Rede de Ensino Caminho do Saber, o 4º e o 5º anos retornam presencialmente entre esta segunda e terça-feira (16). Na escola, a Educação Infantil e o 1º ano do Ensino Fundamental voltaram na semana passada, assim como o 2º e o 3º ano do Fundamental. Do 6º ano do Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio, as aulas começarão no próximo dia 17. A escola também oferta ensino no modelo remoto emergencial e acolhe os alunos que escolheram pelo modo presencial todos os dias. Os alunos não integram escalonamento e, por isso, optam por um formato ou outro.
No Colégio Murialdo, a volta será no próximo dia 22. Alunos da Educação Infantil, 1º e 2º anos do Ensino Fundamental I (anos iniciais) e 3ª séries do Ensino Médio serão atendidos 100% de forma presencial, todos os dias. Os alunos do Turno Integral também terão aulas 100% de forma presencial. A partir do 3º ano do Ensino Fundamental I à 2ª série do Ensino Médio, as aulas serão ministradas na modalidade presencial e remota, de forma escalonada.
O Colégio São João Batista já retornou no último dia 8 para 6º e 7º anos; no dia 9 para 8º e 9º anos e entre os dias 10 e 11 os Ensino Médio e Infantil. No Colégio Edificare, o retorno ocorreu na última semana, também com parte dos estudantes nas salas e outra em casa. Na escola Adventista, o ano letivo se iniciou em 1º de fevereiro, conforme as redes sociais da instituição educacional.
Na rede estadual de ensino, as aulas iniciam-se em março, com ensino remoto programado para o dia 8 e presencial para dia 15. Já na rede municipal, o ano letivo recomeça no próximo dia 19 de forma remota e segue até o dia 12 de março por meio de estudos monitorados não presenciais para estudantes do Ensino Fundamental e para a Educação Infantil. As entregas de atividades (digitais e/ou físicas), conforme a realidade e a possibilidade de cada escola, ocorrem em 25 de fevereiro e 4 de março. No dia 15, se inicia o presencial escalonado.