Uma pesquisa da Universidade de Caxias do Sul (UCS) resultou no desenvolvimento de um fitoterápico com resultados que indicam bom desempenho no tratamento da diabetes. Os pesquisadores já testaram o composto feito a partir da planta conhecida como miraruíra em ratos e em células de pâncreas danificadas. A próxima etapa envolve a aplicabilidade em humanos.
Mas, antes mesmo dessa fase, a instituição conquistou em outubro de 2020 a patente do medicamento junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Com isso, até 2036, a UCS tem direitos exclusivos sobre o composto. Ou seja, caso outra empresa quiser utilizá-lo, terá de negociar com a universidade de Caxias.
A Rourea cuspidata, nome científico da miraruíra, é uma espécie amazônica. Popularmente, ela já era conhecida como eficaz no tratamento da diabetes. A ideia de pesquisar cientificamente o efeito da planta surgiu no projeto de mestrado de Manuela Merlin Laikowski, que teve o suporte de três professores doutores da universidade.
O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UCS, Sidnei Moura e Silva, um dos integrantes da pesquisa, explica que o estudo indica que o fitoterápico é eficiente inclusive para casos mais graves de diabetes e capaz de substituir até mesmo o uso de insulina pelos pacientes. A universidade entrou com o pedido de patente em 2016 e, conforme o professor, a obtenção da carta em quatro anos aponta para o entendimento de que o fitoterápico é um produto promissor:
— Seria mais uma opção, talvez mais barata (para o tratamento da diabetes). Os fármacos para a diabetes não são baratos. Então, provavelmente mais barato e provavelmente com uma toxidade menor — pontua.
O doutor em Toxicologia e Análises Toxicológicas conta que outras espécies da mesma planta de diferentes regiões do país também são alvo de estudos na UCS para avaliar se elas têm o mesmo efeito que esta no controle da diabetes. No entanto, essas espécies têm estudos ainda menos avançados.
A diabetes, conforme o Ministério da Saúde, afeta 12,5 milhões de brasileiros e é fator de risco para a covid-19.