Com uma certa dificuldade para falar e com interrupções causadas pela tosse, Dalva Beatriz Borges da Silva, 57 anos, proprietária do Recanto das Borboletas, Instituto de Longa Permanência de Idosos (ILPI), de Farroupilha, relatou na manhã desta sexta-feira (22) como o lar tem enfrentado o surto de covid-19 confirmado há uma semana. Em isolamento domiciliar, ela se recupera da doença que representa alto risco para os moradores da casa que administra, sendo este o motivo da grande expectativa pela vacinação. Um momento que estava prestes a ocorrer, uma vez que o grupo é prioridade dentre as primeiras 700 doses recebidas pela prefeitura, mas que acabou sendo adiado para o final de fevereiro.
— Felizmente nenhum caso foi de hospitalização. A comunidade de Farroupilha está torcendo muito pela gente — afirmou Dalva.
Além dela, outras 27 pessoas do Recanto testaram positivo para a doença. Dos 25 moradores, com idades entre 57 e 96 anos, apenas dois não tiveram resultado positivado para a doença, sendo isolados dos demais; dos 15 profissionais que trabalham na casa, seis testaram positivo e recuperam-se em isolamento domiciliar.
— Uma cozinheira foi a primeira a apresentar sintomas, sendo imediatamente testada. Dois dias depois, uma hóspede de 88 anos apresentou sintomas leves, seguida por um médico que atende na casa. Acionamos a vigilância sanitária do município, que aplicou a testagem em massa — relata a proprietária do estabelecimento.
Dalva destaca que, desde o início da pandemia na região, a casa manteve inúmeros protocolos para garantia da segurança dos idosos e trabalhadores que atuam no local. Uma delas foi a suspensão das visitas de familiares, com um distanciamento que chegou a ser amenizado com a "cortina de abraços", noticiada pelo Pioneiro ainda em junho de 2020. A dona do lar se diz aliviada pelo fato de ninguém ter sido hospitalizado e agora torce para que todos permaneçam bem.
— Esperamos que isso fique no passado e que possamos dar graças a Deus por termos passado por isso sem perder ninguém — conclui Dalva.
Além de profissionais da Saúde e da população indígena, idosos e funcionários de ILPIs têm prioridade no recebimento das primeiras doses de vacina distribuídas pelo Ministério da Saúde. Entretanto, em função dos contágios por coronavírus, Dalva afirma que o lar foi orientado a aguardar pela aplicação da primeira dose, que deve ser feita somente no dia 26 de fevereiro.
A Secretaria Municipal de Saúde de Farroupilha garante que pretende imunizar 100% das casas asilares da cidade, mas que aguardará orientações referentes ao manejo das doses disponíveis neste primeiro lote.
— Com relação às vacinas que ficarão em estoque para vacinação dos grupos, nos próximos dias, iremos comunicar através de uma planilha ao órgão controlador e vamos aguardar orientação — afirmou o secretário da Saúde, Clarimundo Gründmann.
Duas enfermeiras, dois médicos e uma profissional que trabalha na higienização hospitalar, que estão na linha de frente do combate do coronavírus, foram os primeiros vacinados contra a covid-19 na cidade de Farroupilha, ainda na terça-feira (19). De acordo com o secretário, até o final da manhã desta sexta-feira, 377 pessoas dos grupos prioritários já haviam sido imunizadas.
Ele afirma que a aplicação deverá se estender até fevereiro por motivos como os casos de infecção por coronavírus ou suspeita de contágio em pessoas dos grupos prioritários, além do fluxo de escalas e férias dos trabalhadores contemplados pela primeira dose.