A cinco dias do Natal, o comércio de Caxias do Sul registrou movimento intenso no final da manhã deste sábado (19). No centro da cidade, centenas de pessoas aproveitaram para garantir os presentes, lotando lojas, principalmente na Avenida Júlio de Castilhos. A circulação de pessoas chama atenção em meio às regras da bandeira vermelha no Modelo de Distanciamento Controlado que estão em vigor na cidade.
Dentro dos estabelecimentos, os funcionários orientavam os clientes a usar álcool gel, não tirar a máscara e manter distanciamento físico. Em algumas lojas, limitavam a entrada e pediam que os consumidores esperassem na calçada até que os clientes que faziam compras saíssem do espaço. O movimento, no entanto, nem sempre reflete em vendas, segundo lojistas.
— O movimento ainda está muito abaixo do que em outros anos, principalmente porque teve esse aumento de casos e a bandeira vermelha. As pessoas têm medo de sair para fazer compras — ressalta Chadi Bakri, de uma loja do Centro.
Na loja, clientes procuravam roupas e calçados:
— Tentamos atender bem e, ao mesmo tempo. manter todos os protocolos. Orientamos a manter a distância e até estendemos o horário para evitar aglomerações e para que todos façam as compras de Natal em segurança.
Em outra loja na Júlio de Castilhos, a percepção da gerente era a mesma. Monique Oliveira Pereira afirma que o movimento intenso de pessoas na área central não significa aumento nas vendas.
— Está muito abaixo do último Natal. A pandemia trouxe desemprego, e há receio ainda nas pessoas, eles estão procurando presentes baratos. Tem movimento e até entram na loja, mas o volume e valores são baixos. Eles querem uma lembrancinha.
Já em um estabelecimento que trabalha com eletrodomésticos e artigos eletrônicos, o gerente Fabiano Dadalt ressalta que o movimento é semelhante aos demais anos.
— A procura segue normal, principalmente, por artigos de tecnologia e a linha branca. Os preços vão aumentar em janeiro, então os consumidores estão garantindo as compras agora.
Clientes divididos
O acréscimo do 13º salário na conta e o início das férias são fatores que colaboram para o aumento da procura por presentes neste sábado. O casal Alexandra Anghinoni 38 anos, e Higor Lopes, 29, estavam a procura de presentes um para o outro:
— Compramos para nós mesmos e escolhemos juntos o que cada um vai dar para o outro — contaram.
Alexandra ressalta que achou o Centro lotado, mas que nas lojas se sentia segura para fazer compras.
— A rua está lotada, mas nas lojas eles têm orientado a todos para manter os cuidados.
Higor concorda:
— Dentro das lojas estão fazendo tudo certo, com os cuidados necessários.
Sobre os preços, os dois ficaram surpresos.
— Encontramos valores melhores do que imaginamos. Acho que querem vender, então apostaram em algumas promoções.
Luana da Silva Brisolin, 23, estava acompanhada da mãe dela Luiza Brisolin, 63. As duas também concordam que os valores estão acessíveis:
— Comprei presentes para a família e para mim, e há preços bem acessíveis — conta Luana.
Sobre o intenso movimento, Luisa diz que sai pouco de casa, devido à pandemia:
— O Centro está lotado e as lojas cheias e tem muita gente mesmo. Eu só saio quando é preciso, tenho vindo muito pouco para o Centro, mas hoje precisava comprar o presente do meu neto.
Já Sabrina Pereira, 28, procurava um presente para o amigo secreto.
— Eu acabei não comprando mais presentes porque os valores estão altos.
Pesquisa
De acordo com os dados da Pesquisa de Intenção de Compras da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Caxias do Sul, quase 54% dos caxienses devem ir às compras até o dia 24 de dezembro. Roupas e acessórios (43,18%) serão os presentes preferidos, seguidos pelos brinquedos (26,70%) e calçados (9,66%) para compor o tíquete médio de R$ 475,22 previsto para a média de quatro presentes que os consumidores afirmaram adquirir especialmente para a data.
Neste ano, a projeção é que haja retração de aproximadamente 13,50% nas compras para o Natal, assim como uma leve redução no tíquete médio de R$ 10,50 em comparação a 2019. A amostragem foi realizada de 4 a 11 de dezembro.
O coronavírus é o que impacta de forma mais contundente os consumidores que disseram que não farão compras para o Natal. Dos 46,35% dos entrevistados que alegaram que não irão presentear na data, 30,51% afirmaram que é por conta da covid-19 e 18,64%, por estarem sem dinheiro ou crédito.