Uma mulher de 65 anos morreu em decorrência de complicações provocadas pelo coronavírus na madrugada da última segunda-feira (30) enquanto aguardava a transferência do hospital de São Marcos para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No São João Bosco, há 75 leitos, mas o hospital é de pequeno porte e conta apenas com Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Embora tratem pacientes graves de forma intensiva, UTI e CTI são diferentes. No caso da CTI, é um serviço que não tem suporte para todos os tipos de enfermidades, ou seja, é um atendimento mais generalizado e não tão especializado quanto uma UTI.
De acordo com a direção da entidade, a paciente procurou atendimento em 16 de novembro com suspeita de coronavírus. Ela já havia feito exame PCR e aguardava o resultado. Um dia depois, em 17 de novembro, o laudo confirmou que ela estava com covid-19. No dia seguinte, a paciente foi embora do hospital. Ela estava internada acompanhada pelo filho e os dois decidiram que ela iria embora. Segundo a instituição, ela quis deixar o hospital e o médico assinou a alta a pedido dela.
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Passados dois dias, em 20 de novembro, a paciente retornou ao hospital por volta das 10h. Na ocasião, o estado de saúde dela era crítico. A mulher apresentava falta de ar e as tomografias mostravam que o pulmão estava comprometido e ela precisava de ventilação mecânica. Em 24 de novembro, por volta das 16h41min, o São João Bosco solicitou a Central de Regulação de Leitos do Estado a transferência dela para um hospital com leito de UTI.
O quadro seguiu piorando, e no dia 29, pela manhã, ela foi encaminhada para a CTI do próprio hospital, enquanto aguardava um leito de UTI na região. Segundo a direção do hospital, a situação foi novamente comunicada para a Central de Leitos do Estado e para a Central de Leitos de Caxias do Sul. Contudo, não houve retorno sobre a disponibilidade de leito e a paciente morreu na madrugada da segunda-feira (30).
A reportagem não conseguiu contatar a família da vítima.
O que diz a Secretaria de Saúde de Caxias
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul afirma que o leito de UTI foi solicitado devido à piora da paciente e que a mulher ventilava de forma espontânea sem máscara. O leito não foi regulado porque havia pacientes mais graves que foram encaminhados prioritariamente. A SMS afirma que não houve atualização do quadro clínico, sendo que no dia 30 foi havia leito disponível. Ao entrar em contato com o hospital de São Marcos, a Central de Leitos foi informada do óbito.
O que diz a Secretaria Estadual da Saúde (SES)
"A paciente foi cadastrada na Central Estadual de Regulação, em 24/11, pelo Hospital São João Bosco de São Marcos com solicitação de transferência para UTI adulto covid-19. No momento do cadastro, o médico regulador orientou que o paciente fosse cadastrado na Central Regional de Regulação de Caxias do Sul, que tem gestão plena da saúde, o que impede de maneira direta a intervenção da SES no processo regulatório. No dia 27/11, a paciente estava cadastrada na Central de Caxias do Sul, aguardando vaga desde o dia 22/11."