A bandeira vermelha foi concretizada para a Serra, mas a rotina segue praticamente igual se comparada às últimas semanas. Conforme relatos de funcionários, desde que houve a notícia de que a região ficaria na classificação mais rígida, na semana passada, as pessoas reduziram idas às academias ou, até mesmo, suspenderam matrículas. A reportagem esteve em estabelecimentos de Caxias do Sul na manhã desta quarta-feira (2) e constatou que todos cumpriam os regramentos previstos no decreto atual. A temperatura é medida a cada entrada de alunos e diversos equipamentos possuem fita de interdição.
Segundo o decreto, as academias podem funcionar apenas com 25% de lotação e 16 metros quadrados de distância entre as pessoas. Os equipamentos não podem ser compartilhados e devem ser higienizados. O decreto com regras de funcionamento em bandeira vermelha aponta proibição para esportes coletivos. Com dois ou mais participantes, serão permitidas atividades apenas para atletas profissionais. Aulas em piscinas consideradas importantes para a saúde estão autorizadas com distanciamento entre os alunos. Para lazer, é proibido.
Exemplo de redução no número de usuários é a academia Shape, localizada na Avenida Itália. Por volta das 9h30min, oito alunos exercitavam-se na área de musculação. A média para o horário era de cerca de 15 pessoas em bandeira laranja. No bairro São Pelegrino, a academia Raiar contava com dois alunos por volta das 11h. Já na academia Engenharia do Corpo, na Rua Feijó Junior, cerca de seis pessoas treinavam às 10h. Um deles era o bombeiro João Leonardo Aguiar, 27 anos.
— É importante manter (exercícios) em qualquer momento. Quando não venho já sinto a diferença (física). Me sinto melhor para o meu dia a dia — disse Aguiar, que treina de duas a três vezes por semana.
Na Bohrer Sports, no bairro Santa Catarina, a empreendedora Isabel Biali Oliveira, 40, segue os treinos diários.
— Já parei há cerca de dois meses por causa da minha imunidade, mas me recuperei voltei. Faz bem para o físico e para o emocional — conta.
Ainda que muitos sigam a rotina, outros nem sequer apareceram. Na Raiar, as unidades Cinquentenário e São Pelegrino somariam mais de mil alunos tranquilamente, segundo o proprietário Jovir Demari. No entanto, apenas cerca de 500 seguem ativos.
— Se eu comparar o faturamento de novembro do ano passado com o deste ano, tive uma redução de 50%. Temos diversos alunos muito reticentes e outros que não demonstram estar em uma pandemia, os dois lados estão presentes no nosso dia a dia — conta.
No local, as aulas de natação e hidroginástica acontecem regularmente já que não há proibição pelos decretos. De acordo com Demari, o quadro de funcionários reduziu 20% no estabelecimento.
— Foram pedidos de desligamento principalmente por conta dos filhos que estão em casa — cita.
Chuveiros permitidos
Regras para vestiários e banhos nas academias, tanto para alunos de musculação quanto para aulas aquáticas, geram dúvidas. Segundo o diretor de fiscalização da Secretaria de Urbanismo, Rodrigo Lazzarotto, Caxias permitiu o uso dos chuveiros em 23 de novembro por meio de uma portaria. A decisão foi possível porque houve um decreto estadual autorizando uso de piscinas públicas. Conforme Lazzarotto, a falta de clareza no decreto do Estado faz com que permaneça em vigor a portaria já definida. Desta forma, é possível trocar de roupa e até mesmo tomar banho após os exercícios.
O entendimento é o mesmo do chefe de expediente e protocolo da Secretaria de Esportes e Lazer (Smel), Vinícius Piazza. Além disso, ele explica que as regras de distância de 16 metros quadrados também valem para esportes com crianças, como turmas de tênis e natação, mas nenhum equipamento poderá ser compartilhado.
A partir desta semana, a fiscalização da Secretaria de Urbanismo estará unida a fiscais da Vigilância Sanitária e da pasta de Meio Ambiente. A prática prevê multas de até R$ 35 mil a estabelecimentos e quase R$ 700 a quem for flagrado sem máscara.