Uma caminhada que homenageia Ereni dos Santos, assassinada no ano passado em Caxias do Sul, está marcada para as 17h desta quarta-feira (11). A ação marca um ano da morte da funcionária pública e busca mobilizar autoridades para que o investigado pelo crime, o ex-marido de Ereni, José Waldemar Engelmam, seja condenado. O caso, investigado como feminicídio, tem previsão de julgamento somente em 2023. Engelmam está preso preventivamente na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (Pics).
O ponto de encontro da ação será em frente à casa onde Ereni morava, na Rua Nilo José Corte, 1056, no bairro Desvio Rizzo. A caminhada deve repetir o trajeto realizado pela funcionária pública no dia em que foi assassinada, da casa até a Rua Avelino José Lora.
Em 11 de novembro de 2019, Ereni saiu, no horário do intervalo, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Leonor Rosa, onde trabalhava, e se dirigiu até a casa. Na saída da residência, por volta das 13h, foi emboscada e perseguida até a Rua Avelino José Lora por Engelmam, que conduzia uma caminhonete Blazer. Foi do veículo que Engelmam disparou com uma arma de fogo cinco vezes contra a ex-esposa, segundo confissão do próprio homem.
Pouco antes do crime, eles haviam participado de uma audiência de conciliação no Fórum. O processo abordava o reconhecimento da união estável do casal, a guarda dos dois filhos e a partilha de bens.
— Eles acordaram tudo diante do juiz. Ela ficou feliz, realizada e pensava nos filhos. Os bens (acordados na audiência) eram mais para os filhos do que para ela. Para ela mesma, não importava bem nenhum, ela só queria se livrar dele — relembra uma das organizadoras da caminhada, Rosangela dos Santos de Oliveira, secretária da escola Professora Leonor Rosa e amiga de Ereni.
Mencionando os cinco tiros que Engelmam efetuou contra a ex-esposa, Rosangela acrescenta:
— Ela não teve chance nenhuma de defesa. A gente quer, com essa caminhada, que as autoridades vejam que a gente não esqueceu dela e que queremos que isso se resolva o quanto antes. Não esperar até 2023 para ser resolvido.
No local da morte de Ereni, na Rua Avelino José Lora, os organizadores da caminhada prestarão homenagens e farão orações. O grupo pede que os participantes usem as camisetas confeccionadas para o protesto realizado no ano passado ou, então, camisetas brancas. Cartazes com a palavra "justiça" também serão exibidos.
Dioneia Fermiano, irmã de Ereni, detém a guarda dos filhos da funcionária pública, um menino de cinco anos e uma menina de 14. Uma das responsáveis à frente da caminhada, ela explica que a intenção é alertar não só para a justiça pela irmã, como também para a criação de novas políticas públicas:
— Gostaríamos de chamar atenção para que esse tipo de crime não fique impune e para que existam políticas públicas voltadas para o atendimento e proteção das mulheres vítimas de violência doméstica — afirma.
Em 19 de novembro do ano passado, outra manifestação foi realizada por cerca de 30 pessoas, que se reuniram em frente ao Palácio da Polícia e seguiram em direção ao Fórum de Caxias do Sul. Com camisetas, cartazes e balões brancos, o grupo pedia justiça por Ereni.
No ano passado, assassino confessou crime de feminicídio
Em 19 de novembro do ano passado, José Waldemar Engelmam, confessou que matou Ereni. Ele se apresentou à Polícia Civil, prestou depoimento e foi preso preventivamente no mesmo dia. À polícia, alegou estar transtornado desde a separação do casal, há alguns meses.
No encontro no Fórum no mesmo dia do crime, com a presença de juiz, promotor de Justiça e advogados, não houve nenhuma discussão ou sinais de agressão por parte do homem. O Fórum informou que Ereni tinha medida protetiva contra o investigado, o que impedia a aproximação dele. Em setembro, ela havia desistido de processá-lo por ameaça.