Nesta quinta-feira (26), Caxias do Sul voltou a ter número recorde de casos ativos de covid-19 desde o início da pandemia, tendência que tem se repetido dia após dia durante o mês de novembro. Até as 18h30min, o município contava com 2.249 pacientes com potencial transmissão do vírus e que ainda podem registrar complicações pela doença. Além disso, o número de pacientes que tiveram diagnóstico para a doença e estão internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) está em 51. A taxa de ocupação dos leitos do SUS chegou a 77% e, na rede privada, a 88%.
Como resposta, a prefeitura do maior município da Serra anunciou a abertura de mais oito leitos de UTI adulta no Hospital Geral na manhã desta quinta-feira (26). Enquanto aguardam pela habilitação do Ministério da Saúde, os leitos serão custeados pelo município. O valor de cada unidade é de cerca de R$ 4 mil por dia e eles já estão disponíveis para receberem pacientes.
O secretário da Saúde, Jorge Olavo Hahn Castro, definiu que o aumento dos casos ativos se devem a dois fatores: a testagem em massa e o crescente descaso da população. Ele também acredita que, com as flexibilizações de muitos serviços, a população acabou desacreditando na doença.
Preocupação se volta a toda a região
O crescimento no número de casos em Caxias do Sul se estende a toda a região, apesar de ainda não causar a mesma preocupação. Conforme o presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) e prefeito de Cotiporã, José Carlos Breda, muitos dos leitos de UTI que estão ocupados nos hospitais das cidades serranas não se referem a pacientes diagnosticados com coronavírus.
— É preocupante, como nos preocupava antes, quando estava em 75% e 78% (de ocupação). Entretanto, boa parte desses leitos não são de covid-19, são de outras comorbidades, que estavam aguardando para serem internados. Os hospitais estão atendendo outras pessoas, cirurgias eletivas, assim por diante. Isso nós estamos monitorando — esclarece.
Além dos oito leitos disponibilizados em Caxias, Breda anunciou que, ainda nesta semana serão credenciados mais quatro unidades na cidade de Canela.
— Esses leitos também farão a diferença e proporcionarão o atendimento de mais pessoas, com outras doenças além da covid. Eles são habilitados e custeados pelo governo federal. No período em que se aguarda essa habilitação, se quisermos colocar em funcionamento, quem tem que bancar é o próprio município e é o que está sendo visto agora, principalmente, com as prefeituras de Canela e Caxias do Sul — destaca o presidente da Amesne, que enaltece ainda que a associação está monitorando todos os municípios.
Já a titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, Tatiane Misturini Fiorio, ressalta que o órgão estadual está com o alerta máximo a todas as cidades que têm apresentado crescimento no número de casos na região.
— Nós vínhamos de um período de estabilidade alta, porque estávamos gerando 68%, 70% dos leitos de UTI. Agora, a gente teve um aumento. Estamos com um quantitativo de leitos não muito expressivo em um caso de uma subida muito rápida — avalia.
Tatiane também destaca que defende a retomada das atividades econômicas, mas com a manutenção rígida dos protocolos de segurança.
— Ninguém quer que se tenham restrições como anteriormente, mas precisamos de ações para que a gente tenha uma situação controlada. O que as pessoas têm que entender neste momento é que existe essa flexibilização das atividades, precisamos que os serviços continuem, mas os cuidados preventivos são imprescindíveis — explica.
A situação de aumento nas taxas de ocupação de leitos também demandou que a avaliação dos indicadores de covid-19 agora seja realizada individualmente por município, segundo decisão do Observatório Regional da Saúde.
— Sempre avaliamos a região de uma maneira geral, mas entendemos a importância de cada município visualizar o seus indicadores próprios. Porque na região temos 49 municípios e, desses, a grande maioria não tem um grande reflexo de aumento. Fizemos a análise diária individualizada essa semana dos indicadores de cada cidade e houve uma orientação para que sejam desenvolvidas ações de enfrentamento conforme a realidade de cada município — diz Tatiane.
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