As quadras esportivas retomaram as atividades com protocolos que mudaram o que um dia foi corriqueiro até a chegada do coronavírus ao Estado. Após 50 dias, os empreendimentos encaram regras que reduziram a demanda de horários, diminuíram a circulação de pessoas e alteraram a rotina. Não há um cálculo de quanto os negócios estão perdendo financeiramente.
— Está bem estranho, mas é melhor do que ficar fechado — diz Lucas Brehm, proprietário da Boleiros Futebol Society, no bairro De Lazzer, em Caxias.
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Os protocolos são rígidos em alguns pontos afim de evitar aglomerações, mas existem regras que já são questionadas. Os churrascos após as partidas chegaram a ser diários nas quadras, só que agora inexistem. Uma das determinações para a reabertura da atividade é a proibição das churrasqueiras, o que automaticamente reduz o período em que os clientes permanecem nos ginásios.
Como a maioria dos empreendimentos possui alvará para bar e lancheria, é possível tomar uma ou duas cervejas e até comer algo. Mas também é preciso adaptação. Como é vedado o banho no pós-jogo, o cheiro de suor não pode incomodar ninguém. São novas realidades que deixam saudade em quem estava sempre envolvido em alguma turma do futebol.
— O intuito de 90% do pessoal é o “danone”, é a cerveja depois. O pós-jogo é o que mais faz falta — diz Raí da Silva Terres, 29 anos. — (Faz falta) estar junto no churrasquinho, no pós-jogo, na resenha. A gente chega pronto para jogar e, depois, tem que sair, não dá para tomar banho — complementa.
O uso do vestiário também gera reclamações e questionamentos. Na ponta da caneta, é uma determinação do governo por ser um local menor e mais fechado. Logo, um ambiente propício para disseminação do vírus. Ao mesmo tempo, ao se considerar que um jogo de futebol envolve contato físico por uma hora, vedar o banho não deixa de ser questionável.
— A maioria diz que é besteira. Uns ficam brabos, mas lembro do protocolo e eles entendem — destaca Brehm, que também entende o lado dos clientes:
— Eles falam e eu concordo. O pessoal joga, se encosta e na hora da higienização, que é o banho, não pode. Mas é o protocolo que precisamos seguir à risca.
Por mais que já se tenha um movimento em Caxias do Sul para tentar alterar esse protocolo, será muito difícil uma mudança tão rápida. Isso depende, essencialmente do Gabinete de Crise do Estado, que ainda estuda muitas alterações em outras atividades econômicas. Por enquanto, as quadras estão retornando e, isso, por si só, já é motivo de comemoração.
Impacto das regras reflete no faturamento
Outras regras determinadas para a liberação dos ginásios interferem diretamente no faturamento. A principal é o intervalo de uma hora entre as partidas. Para os locais com duas quadras, o jeito é o revezamento. Mas para quem tem apenas um campo de jogo, a situação acaba ficando mais complexa.
— Tivemos que alterar os horários. O pessoal que jogava das 22h às 23h nem vem mais. É complicado para nós e, se chegar a vir uma bandeira vermelha, fechando novamente, vai ser difícil que as quadras reabram — ressalta Felipe Viganó, proprietário da Viganó 7, no São Luiz.
Quem voltou a jogar precisa chegar de máscara na quadra, ter a temperatura corporal aferida e o uso de máscara no ambiente é obrigatório. Para quem retornou, os ambientes são seguros e a vontade pelo esporte acaba sendo maior que o receio de uma possível contaminação. Ainda assim, as restrições afastaram uma pequena parte do público e ainda existem aqueles que não regressaram por medo de uma complicação.
— A galera que não se sente à vontade acaba não vindo. A gente faz todos os protocolos e está aberto, quem quiser vir e está ciente dos riscos que terá, esses estão vindo — relata Viganó.
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