Ela foi um símbolo do bairro São José até meados dos anos 1960 e ainda hoje é recordada por moradores mais antigos, que se dirigiam a então zona rural de Caxias para usá-la como trampolim e saltar nas águas do Arroio Tega. Falamos da Ponte Coronel Tancredo Feijó, eternamente lembrada como a Ponte Negra.
A estrutura de pedra em arco romano foi construída em 1909, durante a gestão dos intendente Vicente Rovea, quando aquela região da cidade ainda era identificada por Travessão Vitório Emanuel da Sétima Légua. Além de ser o “local preferido para o banho da rapaziada procedente de diversos pontos da cidade” - conforme recordou Jimmy Rodrigues na crônica “Os banhos no fundão”, de 1986 (foto abaixo) -, a ponte foi uma espécie de testemunha da evolução do bairro São José ao longo do século 20.
Famílias, casas, estabelecimentos comerciais, fábricas, indústrias, trabalhadores próximos, todos, em algum momento, lembram de algum episódio atrelado à “Negra”.
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A família De Antoni
Situada próximo à firma Evaristo De Antoni, a ponte foi recordada em um informe especial sobre o bairro São José publicado pelo Pioneiro há 30 anos, em 14 de novembro de 1990. À época, a reportagem entrevistou o senhor Aldo De Antoni, filho de Evaristo:
“Os primeiros habitantes ou moradores neste bairro foram as famílias De Antoni, Salvador, Susin, Massa, Brogliatto e de Sétimo Sartori, que possuía uma olaria onde hoje está a Igreja São José. Em 1909, foi construída a famosa Ponte Negra. Era de pedra e em arco romano, sobre o arroio, onde os moradores da cidade de 'Caxias' vinham banhar-se no verão. Aldo de Antoni, um dos moradores mais antigos do bairro, explica que todos os anos, nas épocas de chuva, se davam as enchentes, e a água cobria a estrada no trecho da Ponte Negra em frente à empresa Evaristo de Antoni até o trevo da Moreira César com a estrada de Flores da Cunha. A região era chamada de várzea, e os carros eram puxados por juntas de bois”.
Confira abaixo o texto original
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Duas épocas
Na imagem que abre a matéria, a Ponte Negra e os trabalhadores que ajudaram na sua construção, em 1909. Na sequência abaixo, a estrutura original enquadrada em dois registros da fachada da firma Evaristo De Antoni, em meados da década de 1960, pouco antes de seu desaparecimento.
A Ponte Negra foi demolida em outubro de 1965.
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Paróquia surge em 1954
Conforme recordado pelo senhor Aldo de Antoni na reportagem de 1990, no início da década de 1950 surgiram os primeiros loteamentos no bairro.
“Foi doado um terreno para a Mitra Diocesana, que, em 1954, criou a Paróquia São José. Daí foi dado nome ao bairro: São José. A primeira firma familiar e mais antiga do bairro foi - e é - a empresa da família De Antoni, estabelecida aqui em 1912. Com os loteamentos do bairro, a partir da década de 1950, começaram a surgir as casas de famílias que deixavam a zona rural. E, a partir dos anos 1970, iniciou-se o progresso, com o surgimento de diversas indústrias, transportadoras e serralherias. No fim da década de 1930 (1938 ou 1939), se instalou no São José a Multinacional Gethal S/A. Já o Lanifício Ermelinda Gianella deve ser dos anos 1950. O Loteamento Gianella trouxe muitas empresas, assim como o Grupo Escolar Evaristo De Antoni. Segundo Aldo, em 1954, quando era prefeito da cidade o Euclides Triches, este estendeu a zona urbana até o fim da várzea e também instalou água para os moradores. Depois, com a gestão do prefeito Hermes João Webber, foi aberta a Rua Moreira César, do Corpo de Bombeiros até próximo à empresa De Antoni. A Rua Visconde de Pelotas ficou com o nome até a Rótula do Rossetti, daí para frente trocou por Rua Moreira César”.
Participe
Você possui fotos antigas junto à Ponte Negra? Tem alguma história interessante sobre o local e os banhos no arroio? Envie para o e-mail rodrigolopes33@gmail.com.