A procura por testes de coronavírus na rede particular aumentou nas últimas semanas em Caxias do Sul. É isso que relatam laboratórios que fazem a aplicação dos exames. O crescimento ocorre tanto entre pacientes que buscam a testagem por conta própria quanto por parte de empresas.
No Alfa Laboratório, o aumento ficou em torno dos 30%. Na semana passada, a empresa abriu o serviço no sistema drive-trhu na unidade do bairro Bela Vista. Assim, é possível fazer o exame sem sair do carro. Conforme o sócio proprietário do Alfa, Gustavo Weirich, o valor dos testes também vem caindo. Nos primeiros lotes, o custo para o teste molecular, o chamado RT-PCR, era de R$ 400 e, agora, chega a R$ 250, igual ao praticado para o teste sorológico, para a comunidade em geral.
— Tivemos aumento de exames tanto proveniente de empresas que fazem testagem para retorno ao trabalho, que seria mais o teste sorológico, e tivemos aumento de demanda também do paciente pessoa física que vem ao laboratório de forma particular _ explica.
O crescimento pela procura dos exames RT-PCR também ocorre no laboratório da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Nos primeiros 11 dias de agosto foram aplicados 558. Para se ter uma ideia, em todo o mês de julho foram 825. Já os testes sorológicos, realizados pelo ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) automatizado, tiveram uma demanda mais elevada em junho, quando foram 2.312 aplicados – na época, a UCS foi responsável por fazer a testagem de todos os funcionários da JBS de Ana Rech. Em julho, foram 720 aplicados e, até 11 de agosto, 136. Conforme o diretor da Área de Ciências da Vida, Adrubal Falavigna, o aumento na procura começou na última quinzena de julho:
— Representa o que estamos vivendo agora, que é o pico. Estamos pegando mais pessoas sintomáticas e, por isso, estão fazendo o PCR — conta, ao explicar que este teste é o único capaz de verificar se a pessoa está com o vírus no momento.
Além disso, ele afirma que boa parte dos que estão fazendo o exame tiveram contato com pessoas que depois descobriram estar com o vírus.
O teste RT-PCR custa R$ 250 para a comunidade em geral na UCS, enquanto o teste sorológico custa R$ 220. Tanto o Alfa quanto a UCS têm feito convênios e oferecem descontos.
Demora no resultado
A Unimed, maior plano de saúde da região, também disponibiliza os testes. Por meio da assessoria de imprensa, o laboratório confirmou que há aumento na demanda. Por conta dessa alta procura, os testes RT-PCR feitos para clientes que não estão internados são enviados para análise em um laboratório parceiro. Isso faz com que, de acordo com a Unimed, o resultado demore até quatro dias úteis para serem disponibilizados.
A professora Maria Inez Perico, 59 anos, que apresenta sintomas da doença e fez o teste no sábado (8) com previsão de ter acesso ao resultado apenas no próximo sábado (15). No entanto, o resultado chegou antes, na quarta-feira (12). O teste deu negativo, mas a professora segue em isolamento porque apresenta sintomas da covid-19, como tosse, cansaço, dor de cabeça e muscular. Diante disso, decidiu fazer ainda na quarta-feira um novo exame em outro laboratório que deve ficar pronto nesta sexta-feira (14).
Os exames sorológicos, de acordo com a Unimed, ficam prontos em 24 horas. Para esses casos, não há necessidade de indicação médica e o custo é de R$ 150. O RT-PCR é coberto pelo plano de saúde e só é realizado sob pedido do médico.
Aumento dos casos positivos da doença em andamento
Os dados fornecidos pela UCS mostram que houve aumento constante no número de casos positivos no teste que mostra se a doença está em curso. Para um comparativo: em maio, quando começou a aplicação dos testes, foram 10% dos pacientes foram diagnosticados com covid-19; os dados até a terça-feira (11) mostram que agosto teve 38,5% de confirmações de infecção por coronavírus.
Os testes sorológicos também indicam que há maior número de pessoas com imunidade, ou seja, que já foram contaminados. Os resultados do teste IgM, que mostra se houve uma exposição nas últimas duas semanas, apontam que 3% dos pacientes que realizaram o exame em agosto foram infectados. Em maio, eram 0,4%. Já o IgG, que demonstra o contato com o vírus em um período anterior maior, teve 8,1% dos casos positivos em agosto contra 1,8% em maio.