Ações da comunidade garantiram ao longo dos anos um atendimento humanizado aos pacientes internados no Hospital Geral, em Caxias do Sul. Se por um lado, a pandemia estimulou a rede de solidariedade para garantir apoio ao HG com a doação de equipamentos de proteção individual (EPI) e de equipamentos para combater o avanço do vírus, por outro afastou os voluntários.
Com os clubes de mães fechados, atividades dos Rotary e das demais entidades beneficentes suspensas, além da impossibilidade de entrar no hospital, as doações, principalmente de artigos de higiene, caíram significativamente nesses cinco meses desde que o primeiro caso da doença foi registrado na cidade. Para se ter uma ideia, a instituição tem fradas somente até a sexta-feira (28).
- O estoque de fraldas ia até o teto, não tinha nem como ver a parede - explica a coordenadora de Projetos Sociais e de Recreação Terapêutica Hospitalar do HG, Silvana Maziero, ao apontar para o depósito praticamente vazio, com preocupação.
Ela acrescenta que são usadas em média sete mil fraldas por mês:
- Só temos 200 pacotes, e eles devem durar até a sexta-feira (28). Precisamos de ajuda. A demanda maior é por fraldas G para adultos e RN para as crianças.
Como no verão as internações caem porque as doenças respiratórias são menos freqüentes e as escolas não têm aula, o que evita a circulação de vírus, o HG conseguiu manter as doações até o momento.
- Antes da pandemia recebíamos doações significativas de artigos de higiene. Com a pandemia, as pessoas se afastaram do hospital por medo, e também veio o desemprego, o cancelamento de atividades e baixou as doações - afirma.
O hospital também está praticamente sem demais itens de higiene como creme dental, escovas de dente, absorvente e condicionador.
- Ainda temos uns doze xampus, alguns sabonetes, os hidratantes que passamos nos idosos para deixar a pele mais suave também estão terminando. As caixas estavam sempre cheias e hoje consigo contar quanto tem de cada item.
ATENDIMENTO HUMANIZADO
De acordo com Silvana, as doações são necessárias porque nem sempre os pacientes estão preparados para a internação.
- Recebemos pacientes de 49 municípios e, muitas vezes, são pessoas que saem de casa para uma consulta e são colocadas em uma ambulância e trazidas para o hospital. Temos essa obrigação de receber bem e acolher esse paciente para que ele fique tranquilo até que a família possa providenciar o que ele precisa para seguir internado.
Ela acrescenta que essas doações sempre significaram aos pacientes um afago em um momento tão difícil:
- É como se fosse um abraço, um carinho, ainda mais agora em meio à pandemia, que não há esse contato. Imagina a situação dos pacientes que vêm de for e às vezes nem tem tempo sequer de arrumar as roupas para trazer, e há pacientes que permanecem muito tempo internado. Esses atos de amor e de bondade da comunidade permitem que eles fiquem mais confortáveis, é realmente um cuidado que ajuda no tratamento. Nós e principalmente eles precisam desses atos de solidariedade da comunidade.
BRINQUEDOS TAMBÉM ESTÃO EM FALTA
A recreação terapêutica, onde as crianças passam o tempo e podem brincar, eram um ponto para receber doações de pijamas, roupas e brinquedos. Agora, está fechada para evitar o contágio:
- A sala é pequena, então damos os brinquedos para as crianças brincarem nos quartos e depois eles levam pra casa, porque não tem como esterilizar. Os materiais são frágeis, e eles brincam com o mesmo brinquedo, mas está acabando os que temos. Agora vem o Dia das Crianças e muitos passam a data aqui conosco _ lembra Silvana.
O HG já está sem estoque de massinhas de modelar, lápis de cor e livros de pintar:
- Eles adoram pintar e as massinhas de modelar então, amam. Ficam relaxados e se distraem, mas não temos mais. Os pequenos precisam brincar. Estamos improvisando na psiquiatria também, mas precisamos de matérias com EVA para que eles possam se distrair.
COMO DOAR
Os voluntários não podem entrar no hospital nesse momento, mas podem seguir com as ações de voluntariado como as doações e entregas de artigos no HG. Bastar ir até a portaria do hospital e deixar os produtos. O telefone para contato é o (54) 3218-7200, com Silvana Maziero.
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