A Secretaria do Meio Ambiente (Semma) esclareceu a origem das cobras que apareceram em uma moradia no bairro Serrano, em Caxias do Sul, na noite de segunda-feira (10) e manhã de terça-feira (11).
Inicialmente, a família imaginava que eram cobras venenosas e se espalhou a informação de que se tratavam de jararacas. Contudo, segundo o coordenador do Departamento de Proteção Animal, Paulo César Rodrigues dos Santos, que fez o atendimento do caso na tarde da terça-feira, se tratam de cobras da espécie tomodon dorsatus, popularmente conhecidas como cobra-espada. Elas não são peçonhentas e se alimentam exclusivamente de lesmas. A espécie é conhecida como falsa-jararaca, o que faz com que muitas vezes seja confundida com a cobra venenosa.
Segundo o servidor da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), a solicitação de atendimento no Serrano foi feita durante a tarde desta terça-feira (11) pelo vereador Clovis Xuxa. Santos foi ao local para avaliar a situação e encontrou 12 cobras-espada. Os filhotes já estavam mortos.
- Como a residência fica em local mais afastado, a cobra fez um ninho dentro da casa. Eles (moradores) removeram todos os compartimentos da casa de madeira e não localizaram mais. Orientei para que, caso apareçam mais, possam capturar elas vivas e nos comunicar para que façamos a soltura - informa Paulo César.
Conforme explica o biólogo, mestre em Biodiversidade Animal e técnico do Laboratório de Herpetologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jeferson Arruda, é comum confundir a espécie, pois elas podem achatar o corpo justamente para afugentar predadores.
- O fato de ter encontrado várias deve-se a terem eclodido próximo ao local. O macho fecunda a fêmea e esta deposita os ovos em algum buraco no solo, ou sob objetos, e os abandona. Após um tempo variável de acordo com as condições climáticas, podendo ser alguns meses, os ovos eclodem e os filhotes dispersam - esclarece Arruda.
O nome cobra-espada faz referência à habilidade da cobra em achatar o corpo no solo, ficando com a espessura de uma espada. No Brasil, são encontradas na Mata Atlântica, sendo distribuída do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.
POLÊMICA
A Sociedade Amigos dos Animais (Soama) teve conhecimento do caso por meio das redes sociais e entende que a morte de filhotes é um crime ambiental. A ONG planeja encaminhar uma denúncia formal ao Ministério Público até a próxima segunda-feira (17).
- Essas cobras são inofensivas para humanos e ótimas para o controle de pragas em lavouras. Precisamos urgentemente parar de condenar a morte dos animais que não são fofinhos, como cães e gatos - afirma a presidente da Soama, Fernanda Juliana.
Por outro lado, o Departamento de Proteção Animal afirma que, administrativamente, a família não será autuada por se tratar de um caso de “estado de necessidade”, em que haveria risco, principalmente às crianças, e por ser durante a noite. A equipe orientou que, caso apareçam mais cobras, a família deve tentar contê-las vivas até que a Semma faça o recolhimento.
A reportagem contatou os moradores da casa no Serrano, mas eles preferiram não falar sobre o assunto.
O QUE FAZER NESTAS SITUAÇÕES
:: Para situações em que animais como serpentes, lagartos e gambás são localizados em áreas de moradia, o local deve ser isolado. Em seguida, é necessário comunicar a Semma para retirada em segurança, prezando o bem-estar do bicho.
:: Após a captura, os animais passam por uma triagem e, se estiverem aptos, são soltos novamente nos locais de preservação (áreas verdes). É proibido manter esses animais em cativeiro ou matá-los.
:: Para resgate ou remoção desses animais, é preciso entrar em contato com a Semma pelo número (54) 3901-1445 ou de forma presencial (Avenida Rubem Bento Alves, 8.308, bairro Cinquentenário). O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.