Com muito empenho, dedicação e foco, a estudante Vitória Régia Campos Krummenauer, 17 anos, competiu com cerca de 50 mil brasileiros até chegar à semifinal do Programa Jovem Embaixador. Aluna da Escola Estadual de Ensino Médio Neusa Mari Pacheco, de Canela, ela garantiu participação no English Immersion Program (EIP) — o Programa de Imersão na Cultura Inglesa — que, em decorrência da pandemia, está ocorrendo de forma online. Mas, ser uma das semifinalistas, não foi uma tarefa simples.
— Foi um processo de muita ansiedade, muita pesquisa. Foram cerca de dois meses em avaliação. Mas o percurso em si acredito que tenha acontecido de uma forma muita orgânica, muito natural. A ideia de ingressar no Programa Jovem Embaixador surgiu numa aula de agricultura, em que estávamos desenvolvendo uma estufa hidropônica. Nós descobrimos o programa porque surgiu a folha de inscrição no mural, não sabíamos o que era, e depois a professora nos contou qual era o objetivo e eu pensei "ah por que não, né?" — conta a estudante.
Desde o dia 26 de maio, ela está participando de vídeo conferências, que integram o EIP. Para isso, ela foi presenteada pela Embaixada Americana com uma caixa presente, contendo mais de 26 itens, entre eles, um chromebook, um par de fones de ouvido, um cartão de acesso à Netflix e muitos alimentos para desenvolvimento de receitas.
— Em algumas aulas que tivemos, de culinária, eles mandaram os materiais necessários nas caixas. A minha aula foi de panqueca e eu, particularmente, achei muito legal, porque além de aprendermos essa cultura, a gente também conversou, trocou ideias, de uma forma bem didática e natural — expõe.
A história de Vitória pode ser exemplo para muitos estudantes, especialmente pela sua dedicação. Com uma trajetória inspiradora, ela aconselha aqueles que têm o sonho de aprender uma nova língua:
— Acho que é o mais importante é consumir o produto cultural dessa língua, porque isso é absorvido para ti. Tem muita gente que gosta de pop coreano, por exemplo, e consome bastante. Assim, acabam aprendendo bastante sobre a língua e a cultura do país. Então, isso também acontece de uma maneira orgânica e natural para eles.
Processo para chegar à semifinal
Vitória é estudante do terceiro ano, na Escola Neusa Mari Pacheco, e desde o ano passado, está se dedicando ao Programa Jovens Embaixadores. A mãe conta que, desde a infância, a menina já era aplicada.
— Em 2009, teve a H1N1 e, na escola que ela estudava, teve um caso da doença. Então, as aulas foram suspensas em junho e retornaram apenas em agosto. Na época, ela estava no primeiro ano e, quando as aulas retornaram, ela estava lendo. Eu não tinha percebido e lembro que a professora até me questionou se eu que tinha ensinado. É uma história bem engraçada — diz Yara Adieny Campos Krummenauer, que é professora do 5º ano de Ensino Fundamental e trabalha no laboratório de informática na Escola Neusa Mari Pacheco.
Vitória nunca fez cursos voltados à língua estrangeira. Então, o desejo de aprender foi essencial nesse percurso. E, agora, suas atenções estão no francês. Ela conta que sua vontade de conhecer novos idiomas surge por meio da cultura de cada país.
— No quarto ano eu era péssima em inglês. Às vezes eu falo que até foi acidental, porque eu não lembro como comecei a aprender ou como eu faço. Eu leio bastante em inglês e vejo bastante séries e filmes também. Além do inglês e do francês, libras também é uma das línguas que eu sempre busquei aprender, automaticamente, pois minha mãe é intérprete — conta.
O incentivo da professora de Literatura e Língua Portuguesa Daniela Guterres Charão Gonzalez também foi essencial para que a menina ingressasse no Programa Jovens Embaixadores. Ela conta que a Escola foi convidada a participar do projeto e, prontamente, ela pensou que Vitória se encaixava no perfil buscado pela Embaixada Americana.
— Achei muito interessante a proposta e logo identifiquei que a Vitória tinha o perfil, pois é muito dedicada, gosta de ler, é muito extrovertida e determinada. Conversei com ela e pedi que buscasse mais informações a respeito, ela aceitou o desafio e deu início ao processo de inscrição. Confesso que o processo não foi fácil, mas a Vitória demonstrou capacidade e determinação — relembra a professora.
O diretor da escola, Márcio Gallas Boelter, afirma que, com o destaque de Vitória, outros alunos também podem se inspirar. Ele é ex-aluno da instituição de ensino e conta que um dos pilares da Neusa Mari Pacheco é o turno integral. Para Boelter, a escola tem a função de fazer com os alunos sonhem e acreditem que realizá-los é possível.
— Os grandes mentores da educação integral são os professores. No caso da Vitória, os grandes incentivadores foram os professores, principalmente, como se cita, a professora Daniela. Mas é também a partir do esforço dela, do incentivo da família, que as coisas são alcançadas. Então, a Vitória, para nós, é um grande orgulho, é um motivo de realização da própria escola. E ela serve de grande exemplo positivo para os outros alunos. Ela mostra que o aluno de escola pública pode e deve acreditar em sonhos longínquos. Eles precisam acreditar — orgulha-se.
Programa Jovens Embaixadores
O programa existe há 18 anos e é uma oportunidade de intercâmbio de três semanas para os Estados Unidos. Os finalistas são premiados com a viagem, totalmente custeada pela Embaixada. Apenas estudantes do Ensino Médio da rede pública de ensino podem participar. Além disso, são pré-requisitos: bom desempenho acadêmico, conhecimento da língua inglesa, capacidade de liderança e espírito empreendedor. Além de ter nacionalidade brasileira, idade entre 15 e 18 anos, jamais ter viajado aos Estados Unidos, entre outros.