A água amarelada que sai das torneiras de moradores de alguns bairros de Caxias do Sul há pelo menos 10 dias tem um motivo, segundo o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae): o aumento do teor de manganês, que está concentrado em razão dos baixos níveis das represas. De acordo com o engenheiro da divisão de água da autarquia, Adriano Bolesina, com a diminuição das chuvas, sedimentos como ferro e manganês ficam mais concentrados ao fundo da represa, processo facilitado pelo fato da água não estar em constante movimento no local. Ainda conforme Bolesina, a diferença na coloração não representa perigo na potabilidade da água, no entanto, pode prejudicar outras tarefas, como a lavagem de roupas.
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No final de semana, moradores do bairro Sagrada Família, em Caxias, relataram alterações na cor da água. De acordo com Bolesina, a cor diferente foi resultado do direcionamento do Sistema Faxinal ao bairro. Responsável por abastecer partes das zonas Leste, Oeste, Centro e Sul de Caxias, a represa do Faxinal, segundo o engenheiro, está operando com 68% da capacidade normal, o que faz com que seja necessário abrir comportas para captar água em níveis mais profundos. No dia 15 de fevereiro, o Samae ativou a segunda comporta, a quatro metros de profundidade e, no dia 11 de maio, a terceira, a seis metros de profundidade. As ações denunciam um problema grave que vem sido sentido em outros setores, como a agricultura: a estiagem na região. Para se ter uma ideia, em condições normais, a represa deve funcionar apenas com a primeira comporta, a cerca de dois metros de profundidade. O problema com a coloração da água no Sagrada Família foi resolvido na segunda-feira, quando equipes do Samae realizaram uma descarga em um prédio e em um hidrante na Rua Conselheiro Dantas. Com o processo, que consiste em retirar e descartar a água do cano, o aspecto da água na região voltou ao normal.
Ordens de serviço no bairro Desvio Rizzo, abastecido pelo Sistema Faxinal, também foram recebidas pelo Samae no fim de semana. No entanto, esse problema não vem de agora. Em reportagem publicada no Pioneiro no dia 19 de maio, a informação do diretor-presidente do Samae Ângelo Barcarolo era de que a água com coloração amarelada teria começado a chegar à casa de consumidores no início daquele mês. No bairro Santa Catarina, abastecido pelo Sistema Maestra — que está ainda mais baixo do que o Faxinal, com 63% da capacidade — moradores relatam que a água ainda está levemente amarelada, mesmo após ações do Samae.
O que o Samae tem feito para solucionar
Recentemente, a autarquia executou a limpeza do reservatório da Estação de Tratamento de Água (ETA) Celeste Gobbato, o que provocou interrupções temporárias no abastecimento na zona Norte da cidade. O objetivo era evitar danos estruturais na rede, bem como a entrada de partículas, que podem ser conduzidas pela tubulação durante a distribuição de água. Bolesina garante que a empresa segue atualizando os protocolos de captação e tratamento de água toda vez que há mudanças nos níveis, seguindo as normas de segurança sanitária. Além disso, o Samae abasteceu parte do sistema Maestra com os sistemas Faxinal e Marrecas.
No fim do último mês, o Samae também abriu um processo licitatório para a contratação de serviços especializados em atuação subaquática. A medida vai possibilitar a retirada de matérias orgânicas que, com o tempo, ficam abaixo do nível normal de captação. Assim, a ação dos mergulhadores permite analisar locais submersos sem esvaziar ou diminuir a quantidade de água represada. A nova contratada irá trabalhar em todas as barragens do município, mas o foco inicial deve ser direcionado à represa Maestra. A empresa vencedora da licitação, com um contrato anual no valor de R$ 162.550,00, será conhecida na próxima segunda-feira.
Níveis de capacidade das represas em Caxias do Sul:
Maestra - 63%
Faxinal - 68%
Samuara - 95%
Marrecas - 88%
Dal Bó - 68%