A demanda por internações hospitalares em Bento Gonçalves está dentro do esperado e sob controle. Essa é a avaliação da infectologista do Hospital Tacchini, Nicole Golin, que concedeu entrevista coletiva virtual na tarde de terça-feira (26). Dos 30 leitos de UTI disponíveis, 29 estão ocupados, segundo informações da Secretaria Estadual da Saúde. Desses pacientes, 19 são casos suspeitos ou confirmados de coronavírus. A taxa de ocupação geral do hospital, contabilizando também quartos e enfermaria, gira em torno de 60%, conforme a médica, e tem condições de expansão rápida de 50% em caso de necessidade.
Dados divulgados também na terça-feira mostram que Bento Gonçalves tem 496 casos confirmados de coronavírus, liderando a lista da Serra Gaúcha. No entanto, a médica salientou que o constante aumento está dentro do esperado. Além disso, destacou que um cenário eventual de poucos casos poderia indicar algum erro no monitoramento:
— Ainda que os números tenham aumentado, nenhum paciente que efetivamente necessitou de recurso hospitalar ficou sem atendimento. Essa é a nossa grande tranquilidade tanto em leitos de internação quanto de UTI. A gente está conseguindo dar esse recurso a todo mundo que busca, todo mundo que precisa.
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Nicole explicou que o hospital tem optado por fazer a chamada "transição precoce", que consiste em levar para UTI pacientes com determinadas características que possam representar um perigo de agravamento da doença ainda que ela não se apresente na pior condição. A médica preferiu não projetar uma data para o pico de casos, mas afirmou que espera que o inverno tenha uma situação mais complicada de atendimentos, como ocorre normalmente devido à necessidade de internação relacionada a doenças mais comuns no período mais frio do ano. Ainda assim, ela considera que haverá condições de atender a toda a demanda:
— O pior momento é quando a gente tiver esgotamento de recurso de saúde, que a gente não está esperando chegar.
A infectologista comentou ainda que as mortes de um jovem na faixa dos 20 anos e um bebê, confirmadas na segunda-feira (25). Para ela, não se tratam de casos fora da curva, porque a doença pode afetar qualquer faixa etária e, embora idosos tenham mais risco de agravamento, não há garantias que pessoas mais jovens não corram perigo.
— A ideia prioritária de que só idosos estão em risco é ilusória — defendeu.
Embora avalie que um novo momento de fechamento de todas as atividades não deva ocorrer, a médica salientou que ainda não se pode voltar à vida da mesma maneira que era antes da pandemia. Nicole se posicionou também contra ações que favoreçam a chamada imunidade de rebanho, com a liberação das atividades para que um grande número de pessoas se contamine e assim tenham anticorpos contra a doença. Segundo a infectologista, o cenário poderia sobrecarregar o sistema de saúde com muitos pacientes precisando de atendimento médico hospitalar.