:: ALEMANHA
Aqui a quarentena solidária começou um pouco antes da metade de março. Fui pro Brasil no dia 13 de março, momento em que algumas coisas já estavam faltando no mercado, isso estava causando um pouco de medo nas pessoas. Mas como aqui as pessoas são muito regradas e o governo tem muito controle sobre tudo, informaram que não era necessário pânico. No Brasil eu via noticias e infos de colegas que tudo estava começando a fechar (lojas, empresas, escolas) tudo antes de ser obrigatório. Uma semana depois que daí realmente saiu a quarentena obrigatória, como na Itália. Controle de pessoas na rua sem motivo específico.
Realmente as pessoas mantiveram a calma, a Alemanha está muito preparada pra isso, estão adotando todas as medidas possíveis. Quando a empresa não pode pagar, é reduzida carga horária do funcionário e parte do valor do salário é pago pelo governo. Fiquei uma semana no Brasil e pra voltar foi realmente bem difícil, empresas aéreas estavam reduzindo voos. Tive sorte de conseguir entrar na Europa por Lisboa, onde consegui passagem até Berlim e de lá pra Munique. Mais de 50 horas em trânsito. Aeroportos estão sem estrutura e isso pode disseminar ainda mais o vírus. Aqui a quarentena segue, agora um pouco mais flexibilizada. A Oktoberfest deste ano está prestes a ser cancelada, o que pra Munique pode se tornar uma catástrofe.
Bruna Cecilia de Vargas, 28 anos, contabilista de Caxias do Sul que mora em Munique.
:: ITÁLIA
Moro em Bologna com meu marido e estamos em quarentena desde a segunda semana de março, estou trabalhando em home office e a empresa onde meu marido trabalha deu férias aos funcionários. Moramos no centro e notamos que a circulação das pessoas diminuiu bastante, pouco a pouco ônibus e ruas foram ficando vazios.
Não houve, em momento algum, falta ou dificuldade de acesso a alimentos ou gêneros de primeira necessidade, nem aumento nos preços. Restaurantes atendem somente através de aplicativos de entrega. Para entrar no mercado ou farmácia, sempre há uma fila onde as pessoas ficam a mais de um metro de distância umas das outras; só pode entrar um número limitado de pessoas por vez para evitar a aglomeração.
Se orienta o uso das máscaras mas é difícil de encontrar para comprar. Para as empresas está bastante difícil e confuso, pois nas primeiras semanas saía um decreto novo a cada hora quase, e as empresas tinham que se organizar para atender o decreto e manter os funcionários atualizados se deviam ir trabalhar ou não. É difícil não poder sair, tentamos fazer as compras no máximo uma vez por semana, sendo esta a oportunidade que temos para sair de casa.
De forma geral percebe-se que as pessoas estão seguindo as orientações do governo. Existe bastante solidariedade apesar de tudo, as pessoas tentam fazer as compras o mais rápido possível para todos poderem entrar; se organizam para ajudar aqueles em necessidade; empresas de outros ramos estão se mobilizando para produzir equipamentos de saúde e álcool gel, pessoas e empresas, mesmo pequenas, fazem doações e arrecadação de fundos à Protezione Civile. Esperamos que a situação melhore logo, para que possamos voltar às nossas atividades e ao convívio social.
Caroline Weber Echer, 33 anos, engenheira de Caxias do Sul que mora em Bologna.
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