Uma família caxiense está mais tranquila e a medicina é a grande responsável. Durante a gravidez de Raquel Fadanelli Gradaschi, a filha Marina teve diagnóstico de anemia. A bebê, que estava na 31ª semana, foi submetida a um procedimento raro: uma transfusão de sangue dentro do útero da mãe. Essa intervenção permitiu prolongar a gestação por mais tempo.
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A anemia no bebê foi provocada por uma patologia rara que se chama isoimunização fetal por fator RH. A mãe tem sangue com fator RH negativo e o bebê é RH positivo. No caso da Raquel, na 26ª semana de gestação, houve contato do sangue da filha com o dela. Isso criou anticorpos que foram parar na circulação da bebê. Para evitar sequelas e um parto muito prematuro, a alternativa foi realizar o procedimento.
A transfusão foi bem-sucedida e foi realizada no dia 14 de abril, no Centro da Obstétrico do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Após dez dias, mãe e filha estão bem.
— No início estávamos apreensivos. Não só em relação à transfusão, mas também por causa do coronavírus. Estamos evitando sair de casa pela minha gravidez e também porque meu esposo é diabético. Agora estou mais calma, de volta à minha cidade. Fizemos uma ecografia para acompanhar a evolução do quadro, e a Marina está muito bem — conta Raquel.
A paciente seguiu a recomendação de sua ginecologista e obstetra, Cristina Ritter, também de Caxias do Sul. A médica optou pelo procedimento para prolongar a gravidez e escolheu Porto Alegre, no Moinhos de Vento. Normalmente, esse tipo de transfusão é repassado para São Paulo.
— É uma gestação que não temos como manter até o fim. O bebê vai nascer prematuro, mas conseguimos garantir um tempo extra para que se desenvolva melhor e esteja mais forte no momento do parto. É um procedimento de alta complexidade, raro e com pouquíssimos profissionais com capacitação para executar. Em 20 anos, este é o primeiro caso no meu consultório. Eu recomendei o hospital pela qualificação da equipe e por ser uma instituição de excelência daqui. Não tem necessidade de fazer uma viagem tão longa — destaca Cristina.
Condução da transfusão
O médico Felipe Bassols, do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento, foi o responsável por conduzir o procedimento de transfusão. O especialista entende que pode ser necessária uma segunda transfusão, se a bebê apresentar anemia em novos exames.
— É um procedimento por punção guiada por ultrassonografia. Inserimos uma agulha muito fina no cordão umbilical, e por este acesso o feto recebe sangue especialmente preparado para reduzir riscos de reações. É muito semelhante a uma transfusão de sangue num adulto, só que é feito dentro da barriga da mãe — explica.
Com a primeira etapa vencida, Raquel está ansiosa pelo nascimento da filha Marina e para poder pegá-la no colo. A cesárea ainda não está marcada e a situação é avaliada semanalmente pela equipe médica. A previsão de nascimento é de três semanas.
— Eu só tenho a agradecer aos médicos que me acompanham neste momento, ao doador de sangue que foi ao banco especialmente para realizar a transfusão. Esse gesto de solidariedade faz com que vidas sejam salvas. É um ato de amor — finalizou Raquel.