O gasto com passagem de ônibus somado ao tempo com deslocamento são as principais preocupações da maioria dos pais que tentam readequar a matrícula escolar das crianças em Caxias do Sul. Nesta semana, filas foram registradas desde a porta da sede da Central de Matrículas - localizada na Avenida Julio de Castilhos, nº 2555, no bairro São Pelegrino - até a Rua Feijó Junior, dando a volta na quadra. Os pais chegam por volta das 5h à espera da abertura das portas, que ocorre às 8h. Além disso, o sistema utilizado para organização da rede pública de ensino apresentou problemas e, sem funcionar, prejudicou parte dos atendimentos.
— Consegui para o meu filho de um ano no bairro Pioneiro. Moro no bairro Santa Lúcia. Terei que ir com um ônibus para o Centro e entrar em outro para ir até o bairro. Depois, retornar para buscá-lo no fim da tarde — relata a dona de casa Taiz Caroline Vieira, 25 anos. Ela chegou às 5h desta quarta-feira (4) para garantir uma das fichas que são distribuídas por ordem de chegada.
O caso de Taiz é como o de muitos responsáveis à procura de ajustes que refletem no dia a dia e no orçamento familiar. No caso da atendente de açougue Daiane Freitas Froes, 32, a batalha é para colocar o filho de 12 anos na Escola Estadual Henrique Emílio Meyer.
— Terei que pagar dois transportes por dia sendo que tem escola na esquina de casa. Já conversei com a diretora e tem vaga (no Emílio Meyer) — diz, ao explicar que o filho foi direcionado para a Escola Estadual Irmão José Otão.
— Na José Otão ele já teria que começar com o uniforme, mas ainda estou buscando a transferência. Se for preciso, acionarei a Defensoria Pública — comenta.
Se já existem problemas para quem está matriculado e, mesmo que distante de casa, conseguiu uma vaga, a situação é mais preocupante para a dona de casa Maria Goretti Guimarães, 40. Ela se mudou de Itabuna (BA) para Caxias do Sul na esperança de conseguir emprego. Com isso, veio também a necessidade de vagas para os três filhos de 5, 10 e 15 anos.
— Vim na segunda-feira na Central de Matrículas, mas as fichas já tinham acabado. Meus filhos estão sem escola por enquanto, a mudança é recente ainda não fez um mês — diz Maria Goretti, a nova moradora no bairro Nossa Senhora das Graças
O que diz a 4ª CRE
Conforme a titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação, Viviani Devalle, os pais que ainda estão a procura de ajustes são os que perderam prazos.
— Pedimos que compreendam que nossa equipe é reduzida. Não temos registros de crianças fora da escola. Pode ser que tenham casos de quem veio de mudança. Quem já nos procurou, está com o destino ok — garante.
De acordo com a coordenadora, não há um número de senhas disponíveis por dia, a quantidade varia conforme a demanda, segundo ela.
O que diz a Secretaria Municipal de Educação
O mês de março é de ajustes, conforme a secretária Flávia Vergani. De acordo com a secretária, são distribuídas cerca de 300 senhas por dia.
— Acontece que alguns foram contemplados com a terceira opção colocada na inscrição. É importante fazer esse movimento para que saibamos que a família ainda gostaria da primeira opção.
Flávia explica que os pais que estão na lista de espera não precisam se dirigir até a Central, mas aguardar o contato. O número de crianças que está fora do zoneamento escolhido, na faixa etária entre 4 e 5 anos, chega a 324, conforme a atualização mais recente da pasta.